Brasil: Taxa Selic em evidência

A terça-feira está tendo início com uma pressão sobre as bolsas norte americanas e europeias, assim como uma reversão do fortalecimento do USD verificada ontem. O destaque da manhã fica por conta da alta de cerca de 1% no AUD, após a decisão esperada do RBA em manter os juros estáveis na Austrália, mas com a alteração do comunicado que foi percebida como um viés mais brando de “easing” do que o comunicado anterior. A situação na Grécia ainda parece estar ajudando a aumentar a volatilidade dos ativos de risco. Membros da União Europeia, do FMI e da Grécia estão se reunindo com o intuito de acelerar o processo de negociação, com o intuito de selar um acordo o quanto antes. Ainda vejo um acordo intermediário como o mais provável, mas a medida que o tempo passa, e nenhum avanço visível é observado, é natural que os mercados fiquem mais sensível com a situação.

Na agenda do dia, destaque para a PIM no Brasil cujas as expectativas esperam uma queda de 1,4% MoM em abril. Nossa Área Econômica tem reforçado diariamente a possibilidade de uma forte surpresa negativa de crescimento para o segundo trimestre de ano, com o PIB de 2015 apresentando um claro viés de recessão mais acentuada do que os -1,2% a -1,3% que as expectativas do Focus apontam neste momento.

Brasil – De acordo com a Folha, Com aval do governo, juro pode subir mais para garantir inflação na metaA posição "irredutível" do Banco Central de levar a inflação para 4,5% ao final de 2016 deve provocar não só um novo aumento na taxa de juros de 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira (03) como também ao menos mais uma alta ainda durante este ano. Embora parte do governo se preocupe com o impacto de juros mais altos na atividade econômica, já em contração, o Palácio do Planalto avalia que a prioridade do BC é garantir a menor inflação possível no próximo ano. Em outro artigo no Valor, Em documento, governo estima TJLP em 7%, o que pode levar o mercado a entender que um ciclo de mais 100bps de alta na Selic pode estar por vir.

Na expectativa da decisão do Copom esta semana, a curva de juros apresentou ontem mais um dia de abertura de taxas e flattening, já que o BCB, Levy e a sinais da  mídia apontam para a manutenção de uma postura mais dura por parte do BCB, ou seja, uma alta de 50bps na reunião desta semana é o cenário mais provável, sem que haja um sinal claro de que o ciclo de alta de juros esteja próximo ao final. Assim, acredito que seja prudente estar com posições mais reduzidas na ponta aplicadora de juros, a despeito de ainda gostar de manter uma posição estrutural aplicada na parte mais longa (Jan21, NTNB´s longas). Para aqueles que acreditam em uma alta mais moderada já nesta reunião, o risco/retorno da parte curtíssima da curva (Jul16) se mostra atrativo. Já o miolo da curva (Jan17), com mais de 150bps de queda precificado, pode acabar tendo dificuldades em mostrar bom desempenho caso o BCB mantenha  postura recente.

Não podemos desprezar a emissão de US$2,5 bilhões de papeis da dívida de 100 anos a taxa de 8,55% colocados no mercado pela Petrobras ontem. Estima-se que a demanda tenha atingido cerca de US$8b. Para uma empresa que pouco tempo atrás esteja no olho do furacão de uma crise, com a possibilidade de downgrades sucessivos e aceleração de sua dívida, a emissão é mais uma vitória deste governo e da nova gestão da empresa.

Europa – A primeira prévia do CPI na Área do Euro saiu de 0% YoY para 0,3% YoY em maio, acima das expectativas de 0,2% YoY. A alta da inflação está dando suporte ao EUR nesta manhã. Na Alemanha, a taxa de desemprego se manteve no baixo patamar de 6,4% em maio com a saída de 6 mil indivíduos da categoria de desempregados.

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