Grécia de volta ao foco

Com o tempo para a finalização de um acordo entre a Grécia e seus credores se esgotando, o mercado está voltando suas atenções, mais uma vez, para as negociações (ou a ausência delas) que giram em torno da Europa. Após apresentar uma proposta concreta, mas vista como inaceitável pelos gregos, o FMI retirou o seu corpo técnico do país, sinalizando que a postura grega não está agradando a Troika e que ainda existe uma imensa diferença entre as partes que precisará ser administrada antes que um acordo seja atingido.
 
Do lado da Troika, a mídia já começa a ventilar que a Alemanha prepara um plano de contingência para a eventualidade da saída da Grécia da União Europeia, ou no caso de um default por parte dos gregos.
 
Do lado da Grécia, o governo prepara o terreno para a possibilidade da assinatura de um acordo que não venha a agradar todas as alas do Syriza, partido radical do governo.
 
Ainda vejo um acordo intermediário como o mais provável, mas o risco da ausência de um acordo cresceu exponencialmente nas últimas 48 horas. Assim, os ativos de risco devem ficar ainda mais sensíveis a este tema e a busca por hedges parece ser prudente para aqueles que ainda detêm exposição a risco na ponta positiva do mercado.
 
Em relação aos demais mercados, ainda vejo o retorno da tendência de fortalecimento do USD no mundo como o mais provável. Pegando o DXY como parâmetro, acredito que o patamar de 95 tenha sido um piso de curto-prazo e o mercado deveria buscar, novamente, o nível de 100. Em um ambiente de incerteza na Europa, abertura de taxa de juros nos países desenvolvidos e menor crescimento estrutural da Grécia, as moedas dos países emergentes deveriam manter uma tendência de depreciação. Entendo que este processo não seja linear, e nem manterá o mesmo ritmo acentuado do passado recente, e momento de acomodação, como o verificado ontem, irão acontecer.
 
No Brasil, de acordo com O Globo, Em meio ao ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, quer evitar a todo custo ter de usar recursos do Tesouro para compensar os estados por perdas com a reforma tributária. Por isso, ele já tem na manga algumas medidas de aumento de impostos que serviriam como fonte de recursos para os dois fundos — de compensação e investimentos — que serão criados a partir de mudanças nas alíquotas do ICMS. Uma delas é passar a cobrar a Cide ( contribuição que hoje incide sobre os combustíveis) também sobre o setor de serviços. Outra sugestão é elevar as alíquotas de tributos estaduais cobrados sobre a transmissão de bens e heranças para reforçar o caixa dos governadores. Segundo técnicos da equipe econômica, a ideia da criação da Cide sobre serviços — com uma alíquota pequena, pouco impacto sobre o setor produtivo e força suficiente para alimentar os fundos — chegou a ser apresentada por Levy a alguns governadores, no início da semana, no Palácio do Planalto. E teria sido bem recebida. No entanto, a proposta foi rechaçada ontem por senadores que foram ao Ministério da Fazenda participar de um café da manhã com o ministro, para discutir a reforma tributária. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira ( CE), saiu do encontro afirmando que a fonte de recursos dos fundos precisa ser firme para que se consiga avançar na reforma, mas destacou que o Congresso não vai aceitar aumento de impostos.

 
Com a perspectiva de uma contração do crescimento este ano, e sem grandes esperanças de uma recuperação mais rápida em 2016, o aumento de impostos será inevitável para o cumprimento da meta fiscal prometida no começo do mandato e para evitar um rebaixamento do rating do país. Avanços concretos estão sendo atingidos no âmbito fiscal, mas os desafios ainda são enormes.

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