Grécia: Um acordo se mostra viável.
As vésperas de uma importante reunião
entre os chefes de Estados na Europa, os gregos apresentaram mais uma proposta
de acordo para a União Europeia. Desta vez, contudo, a proposta parece ter sido
bem recebida, elevando as esperanças de um acordo entre as partes ser selado
ainda hoje. Caso confirmado este cenário, será mais uma vez em que um acordo é
encontrado nos “últimos minutos do segundo tempo”, ajudando a Europa a evitar o
pior cenário para a região. Neste ambiente, como já estamos observando esta
manhã, esperaria uma reação positiva dos ativos de risco, com as bolsas em alta
ao redor do mundo. Os demais ativos de risco, contudo, poderão voltar suas
atenções, novamente, ao quadro econômico global. Na ausência de um acordo, acredito
que um default efetivo terá desenvolvimentos negativos para os mercados, pelo
menos no curto-prazo. Entendo que existem instrumentos para evitar um contágio
maior (OMT, QE) pra outros mercados e classes de ativos, mas a incerteza que um
evento que nunca ocorreu na região traz ao cenário já deveria, por si só, trazer
volatilidade, e alguma reação negativa dos ativos de risco, mesmo que pontual e
localizada.
No Brasil,
ao longo do final de semana, os jornais deram destaque à pesquisa Datafolha,
mostrando uma elevada rejeição ao governo Dilma e uma baixa popularidade da
presidente, o que já era amplamente esperado. A novidade ficou por conta da
simulação de uma possível corrida eleitoral, em que Aécio Neves lideraria com
cerca de 10pp de vantagem sobre o ex-presidente Lula. Além da pesquisa, a mídia
continua digerindo a última fase da Operação Lava-Jato. Com os presidentes de
duas das principais empresas do país atrás das grades, existe um receio
crescente de que os investimentos podem despencar ainda mais do que o previsto,
e de que o cenário político pode vir a mostrar uma nova rodada de incerteza.
No que diz respeito ao Brasil, a
situação econômica e política segue, na minha visão, em uma clara tendência de
deterioração. Vejo a situação hoje como pior do que a cerca de 2 semanas atrás.
Assim, acredito
que a melhora dos ativos locais (BRL e bolsa) observada nos últimos dias seja
pontual, puxada por fluxos específicos, devido a um cenário externo mais ameno
no curto-prazo.
Continuo sem ver grandes assimetrias no
mercado. Se um acordo na Grécia na confirmar, vejo espaço para as bolsa da
Europa voltarem a mostrar desempenho positivo e uma tendência de alta, buscando
os picos deste ano. Ainda acredito no fortalecimento estrutural do dólar ao
redor do mundo mas, por hora, com o DXY abaixo de 95 a posição tem que ser
tática, menor e com stop mais
curto. No mercado local de juros, gosto da fly Jan16/Jan17/Jan18, assim como
uma moderada posição comprada em USDBRL, respeitando os níveis técnicos que
temos comentado neste fórum (3,05 com 3,20 por hora). Acredito que o BCB esteja
mais perto do final do ciclo de alta de juros do que no começo ou no meio do
ciclo. Assim, minhas atenções estão voltadas a prever até onde este ciclo de
alta de juros irá atingir, mas ainda vendo um mercado tecnicamente frágil e
economicamente complicado, com uma inflação galopante e um crescimento a cada
dia mais pressionado por diversos vetores.
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