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A despeito da ausência de avanços concretos no tocante as negociações entre a Grécia e seus credores, a terça-feira foi de reversão dos movimentos recentes, com um claro movimento de busca por risco. Vejo este movimento como natural e técnico, em um ambiente de elevada incerteza e aumento da volatilidade dos mercados.

No cenário externo, a Grécia deve continuar no foco dos mercados, mas a reunião do FOMC amanhã deverá centrar as atenções dos investidores. Nos últimos dias, os números de atividade mostraram um cenário mais misto para a economia norte-americana, com uma recuperação ainda incipiente e não linear. O Fed terá um enorme desafio em manter viva a expectativa de uma alta de juros no segundo semestre deste ano, em um pano de fundo onde os “dots” de curto e longo-prazo podem ser revisados para baixo, assim como as expectativas do PIB e de inflação.

No Brasil, mesmo com um fluxo de notícias negativo, os ativos locais tiveram uma terça-feira de otimismo. Vejo o movimento no mercado de juros como uma realização, após uma alta rápida e acentuada de taxas nos últimos dias. Continuo cauteloso em deter posições estruturais e/ou agressivas neste ativo. Uma postura tática ainda me parece o mais prudente. No mercado de câmbio, uma perspectiva de juros mais altos, aliado a um fluxo mais positivo no curto-prazo, tanto proveniente das captações corporativas externas, quando por conta de um fluxo comercial melhor do que o esperado, parecem estar dando suporte a moeda no curto-prazo. Vejo este movimento como uma acomodação da tendência de alta. Acredito que o BCB será oportunista na rolagem dos swaps, podendo reduzir as rolagens no patamar de 3,05-3,10 caso os fluxos continuem mais positivos.


As vendas no varejo de abril apresentaram queda superior as expectativas de alta, o que mostra um quadro de fraqueza da economia. Nossa área econômica vem alertando para a possibilidade de um PIB inferior a -2% este ano, cenário que parece estar se consolidando com os últimos dados de atividade que foram divulgados. A quarta-feira será decisiva para o cenário local. O TCU irá divulgar um parecer em torno das “pedaladas fiscais”, o governo segue negociando o fim das desonerações e a mídia vem elevando os ruídos no tocante ao ajuste fiscal que será possível ser efetuado este ano. De maneira geral, vejo este quadro como sendo mais negativo do que o que tínhamos até a semana passada, o que me traz surpresa o movimento positivo dos ativos locais verificado hoje.

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