Brasil: Desemprego em alta e desafios fiscais
Brasil – A quinta-feira trouxe novos sinais de
deterioração da situação econômica do país. A Taxa de Desemprego subiu de 6,4%
para 6,7% em maio, com mais um mês de forte retração do rendimento médio real
dos trabalhadores. A arrecadação de maio ficou aquém das expectativas, em
R$91,5 bi, e o superávit primário do governo central apresentou déficit de
R$8,1 bi, superior às expectativas de déficit de R$7,1 bi. Fica cada vez mais
evidente o enorme desafio que será para promover um ajuste econômico,
especialmente no tocante as contas públicas.
Os ativos locais reagiram de maneira negativa aos números
econômicos divulgados hoje, assim como a notícia de um habeas corpus (HC) para evitar uma potencial prisão do ex-presidente
Lula. Ao longo do dia, ficou claro que o pedido de HC foi feito por terceiros,
sem qualquer relação com Lula. Ainda do ponto de vista político, a PF deu
início a uma nova fase da Operação Acrônimo, que investiga possíveis
irregularidades na campanha para o governo de Minas, vencida pelo PT.
Na minha visão, este tipo de operação, assim como ruídos
envolvendo Lula e o PT, tendem a fragilizar ainda mais um governo já bastante
comprometido. Neste ambiente, qualquer tipo de proposta ou reforma será cada
mais difícil de ser aprovada no congresso, o que pode vir a paralisar ainda
mais o país, que já encontra-se em situação delicada.
Por hora, em um cenário global de consolidação do dólar, o BRL
tem mostrado uma dinâmica de estabilidade, a despeito da underperformance de hoje em relação a seus pares. Não acredito que
este cenário será mantido por muito tempo. A curva de juros segue sua
trajetória altista, com um leve viés de bear
steepening, em um dia de pressão no mercado de ações.
Como comentei mais cedo, tenho
insistido neste fórum que a situação econômica e política do país vêm sofrendo
uma deterioração progressiva nas últimas duas semanas, mas devido a um cenário
externo mais favorável (sazonalidade positiva, juros mais estáveis no mundo
desenvolvido, dados mais positivos de crescimento global, etc), os fluxos têm
acabado por favorecer os ativos locais. Continuo acreditando que este movimento
positivo dos ativos brasileiros é apenas pontual e localizado. Vejo os
fundamentos ruins como preponderantes no longo-prazo. Ainda acredito que a
melhor maneira para se posicionar nesta direção seja via a compra de USDBRL. A
queda recente das vols implícitas no mercado de opção pode ser uma oportunidade
de se alocar risco via estruturas altistas de dólar. As posições no mercado de
juros devem ser táticas, pequenas e com stops
curtos, devido a pouco visibilidade para a política monetária e fiscal. Na
bolsa, parece prudente a busca por downsides
via estruturas de opção.
EUA - Estão se acumulando sinais de que o
crescimento do país está no meio de um processo de recuperação. Mesmo com uma
inflação contida mostrada pelo Core PCE de maio, os números de Income &
Spending apontam para uma recuperação do consumo e queda da poupança, o que era
um dos vetores principais para a consolidação da recuperação econômica ao longo
deste ano. Assim, deve crescer as expectativas para que o Fed de início ao
processo de alta de juros ainda no terceiro trimestre deste ano.
Grécia – A situação segue fluida
porém indefinida. Não haverá Summit na sexta-feira e uma conclusão é esperada,
para o bem ou para o mal, apenas no final de semana.
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