Dólar forte

Os ativos de risco estão abrindo a semana com mais uma rodada de fortalecimento do dólar no mundo, liderados por uma queda de cerca de 0,7% no EUR durante esta manhã. Em um pano de fundo de alta do dólar, os ativos emergentes estão tendo um começo de semana um pouco mais desafiador, com alta nas taxas de juros e queda nas bolsas.

Na agenda do dia, destaque para o Personal Income e Personal Spending, além do ISM Manufacturing nos EUA. No Brasil, o dia terá IPC-S, Focus e Balança Comercial.

Na agenda da noite, o PMI Manufacturing oficial da China saiu de 50,1 para 50,2 pontos em junho, basicamente em linha com as expectativas. A abertura do indicador mostrou um quadro de leve recuperação da atividade no país. Não vejo alteração significativa de cenário para a China, mas este primeiro sinal, ainda incipiente, de estabilização do crescimento deveria ser bem visto pelo mercado. De qualquer maneira, o policy maker chinês precisará manter uma postura agressiva e expansionista com o intuito de continuar dando suporte ao crescimento do país, em um ambiente de crescimento fragilizado onde o modelo econômico dos últimos anos parece esgotado.

Brasil – No final da tarde de sexta-feira, o BCB anunciou que irá dar início a rolagem dos swaps cambiais vincendo no mês de junho com a rolagem de 7 mil contratos. Mantida este nível de rolagem ao longo de todo o mês, o BCB irá rolar 80% dos vencimentos do mês, o mesmo montante rolado no mês de maio. Em linhas gerais, a postura da autoridade monetária indica que existe um desejo e uma disposição em deixar o câmbio depreciar de forma ordenada. Os swaps cambiais irão ser utilizados para manter este processo gradual e bem conduzido. Por hora, o patamar de 3,00 se mostrou uma grande resistência de curto-prazo. A velocidade do ajuste será determinada pelas condições externas e pelos ajustes econômicos locais. Vejo o patamar de 3,05-3,15 como uma banda importante de curto-prazo, mas a moeda está claramente buscando um patamar um pouco mais elevado, talvez na banda de 3,10-3,20. Mantenho a visão de estar estruturalmente comprado em dólar, mas menor na parte de cima da banda de 3,05-3,15.

De acordo com um artigo da Bloomberg intitulado Brazil Said to Have No Ceiling for Benchmark Rate Increases. O artigo, contudo, não traz qualquer tipo de novidade relevante ao cenário. O BCB parece totalmente comprometido com o objetivo de trazer a inflação de volta ao centro da meta. O primeiro passo para isso será conduzir as expectativas para o patamar de 4,5%. O cenário base continua sendo de uma alta de 50bps na próxima reunião do Copom, sem que haja um sinal claro de final de ciclo. O BCB deverá se manter dependente dos dados. Por hora, a despeito de sinais negativos para a atividade econômica, também passamos por um período de maior incerteza inflacionária, com o IPCA deste ano podendo chegar a 9%, com uma inércia não desprezível para o ano que vem. Gosto de estar estruturalmente aplicado em juros, mas estendendo a duration para sair do debate de política monetária de curto-prazo, mas se posicionar para um ambiente de juros longos mais baixos em um pano de fundo de recessão, deterioração no mercado de trabalho, ajuste fiscal, política fiscal, monetária e creditícia mais apertada, entre outros vetores que irão favorecer um nível mais baixo de juros em um futuro não muito distante.

Não podemos desprezar os novos avanços em torno da Operação Lava-Jato. O MPF parece estar fechando o cerco sobre potenciais irregularidades nas ultimas duas campanhas políticas nas eleições de 2010 e 2014. No final da semana passada, importantes doadores das campanhas de 2010 e 2014 foram presos, com a antiga residência da Primeira Dama de Minas Gerais, um governo do PT, sendo averiguada. Por hora, ainda não existe qualquer tipo de condenação, mas me parece claro que o cerco a irregularidades está se fechando. e o PT parece estar no centro das investigações, a despeito do NPF negar que esteja investigando partidos específicos.

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