"Risk-off" (ainda) ordenado...

A segunda-feira foi marcada por desenvolvimentos locais e externos relevantes, com a Grécia dominando o pano de fundo dos mercados. Acredito que na ausência de avanços concretos nas negociações entre a Grécia e seus credores, os ativos de risco deveriam continuar piorando até o final da semana. Um default da Grécia ou implementação de controle de capitais no país não passará despercebido pelos mercados. Hoje, por exemplo, já observamos claros sinais de contágio dos problemas gregos nos demais países da periferia da Europa, com forte abertura de taxas de juros em países como Portugal, Espanha e Itália, além de uma queda acentuada das bolsas na Europa.

Confesso que estou achando o movimento dos ativos de risco bastante tímidos diante da possibilidade de um default da Grécia. Não descarto um cenário em que os ativos de risco pioram de maneira ordenada nos próximos dias, até que uma solução seja encontrada, ou até que a confirmação de um default seja anunciada. Ainda acredito em um acordo de última hora, mas minha convicção está claramente abalada. Acho contra produtivo apostar no cenário de ausência de acordo, mas acredito ser prudente buscar hedges ou assimetrias para a eventualidade de um default grego.

Ao longo do dia, não observamos nenhum avanço concreto na direção da solução do impasse nas negociações. A mídia está afirmando que um plano de contingencia para um eventual default grego já estaria preparado pelo núcleo da Europa, o que iria ajudar a conter o contágio, mas não evita-lo por completo, na minha visão.

No Brasil, a postura mais dura do BCB ainda está reverberando nos mercados, com a curva de juros dando prosseguimento ao movimento de abertura de taxas, o que vem ajudando a dar algum suporte ao BRL. O movimento parece em grande parte fruto dos desdobramentos locais de política monetária. O fluxo de notícias parece ter novamente migrado para campo negativo, com ruídos nas relações entre o PMDB e o PT voltando a emergir, o que coloca em risco, novamente, a aprovação do ajuste fiscal. Os dados de arrecadação de maio parecem ter sido ruins, o que traz à tona a possibilidade de um rebaixamento do rating do país no curto-prazo. O cenário de curto-prazo parece ter entrado em uma espiral negativa novamente. Assim, mantenho uma visão mais cautelosa para a curva local de juros, pelo menos até que o cenário externo apresente melhor visibilidade, e o ciclo de alta local de juros se mostre mais próximo do fim. Ainda vejo espaço para uma depreciação adicional do BRL no curto-prazo, especialmente com um cenário local e externo mais desafiadores.


Nos EUA, Os dados do setor manufatureiro norte-americanos divulgados hoje deixaram a desejar, com um fraco Empire Manufacturing e Produção Industrial, a despeito de uma forte alta no NAHB Housing Market Index. A recuperação dos EUA continua incipiente e não linear, o que traz uma incerteza adicional ao cenário.

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