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A segunda-feira foi de forte abertura de taxa de juros nos EUA, acompanhada por mais uma rodada de fortalecimento do USD. O mercado tem se mostrado mais reativo a dados fortes de economia norte americana, do que a dados mais fracos, o que mostra um quadro técnico relativamente “leve” no que diz respeito a posições na direção da retomada do crescimento norte americano. 

Brasil – A despeito de ruídos políticos pontuais, como uma possível queda da avaliação positiva do governo para patamares inferiores a 10%, e uma potencial “pauta bomba” no Congresso, com o que está sendo chamado de “agenda federativa”, nome pomposo para a descentralização da arrecadação, o dia foi marcado positivamente pela emissão de títulos da dívida no valor total de U$2,5 bilhões por parte da Petrobrás, com a emissão de papeis de 100 anos, cuja demanda parece ter ultrapassado os US$8 bilhões. A emissão acabou ajudando a dar um tom mais positivo para o BRL, dando algum alívio a bolsa local. Na expectativa da reunião do Copom, contudo, a parte curta da curva de juros se manteve pressionada, com a mercado precificando altas de 50bps+30bps+15bps nas próximas reuniões do Copom.

O Índice de Confiança do Setor de Serviços, medido pela FGV apresentou queda de 1,6% entre abril e maio. Após uma leve recuperação em março, o índice voltou a cair. O número afasta qualquer expectativa concreta de recuperação da economia nos próximos meses, elevando o risco de um PIB em torno de -2% este ano, em linha com que a Área Econômica da Icatu Vanguarda vem ventilando nos últimos dias.

Continuo vendo espaço para novas rodadas de depreciação cambial, em um movimento estrutural necessário para o ajuste econômico e desejado pelo governo. No mercado de juros, o cenário base continua sendo de mais uma alta de 50bps com uma probabilidade não desprezível de que o ciclo ainda não seja encerrado. Assim, prefiro estar menos alocado no curto-prazo, preferindo a parte mais longa da curva, esperando um melhor momento para elevar a alocação aplicada e/ou com sinais claros do fim do ciclo de alta. Posições tática aplicadas na parte curtíssima da curva (jul16) fazem sentido do ponto de vista de risco/retorno para apostas em uma alta menor do que 50bps na reunião desta semana. Após uma realização de cerca de 10% no mercado local de renda variável, começo a ouvir de analistas que já existe valor em vários setores e empresas da bolsa, o que pode trazer algum suporte ao mercado de renda variável.

EUA – Os dados de Income & Spending de abril, assim como o Core PCE, ficaram abaixo das expectativas do mercado. Contudo, o ISM Manufacturing, assim como o Construction Spending ficaram acima do esperado, dando suporte a tese de recuperação da economia neste segundo trimestre do ano.

A recuperação norte americana tem se mostrado mais lenta e gradual do que o esperado, o que ainda requer cautela por parte do Fed para o começo de um processo de normalização monetária. Contudo, o quadro técnico mostra um mercado pouco alocado na ponta comprada em USD, o que está ajudando a dar suporte a moeda norte americana. O mesmo vale para a duration em US Bonds, ou seja, o mercado ainda se mostra long duration e qualquer notícia positiva tem ajudado a dar suporte aos yields no país.

Ainda vejo um movimento estrutural de alta no USD nos próximos meses, mas após o movimento de alta recente iremos precisar de dados concretos mais fortes para que a alta se consolide. Ficaria menor nos atuais níveis, com espaço para aumentos com a confirmação dos dados desta semana, em especial, o ADP Employment e o Payroll.

Grécia – O dia foi de news flow mais positivo para o país. Após ruídos negativos no final de semana, os rumores hoje davam conta de que um acordo seria anunciado em breve. Ainda acredito que uma solução intermediária será encontrada na última hora.

China – Além do PMI Manufacturing oficial de junho tem apresentando uma estabilização da atividade econômica no país, o dia trouxe notícias mais animadoras, com uma possível expansão do programa de swaps de LGFV e uma potencial injeção de liquidez no mercado através do programa de PSL. Este tipo de medida, aliado aos rumores de que o governo estaria dobrando o programa de swaps dos LGFV afastam, definitivamente, o risco de que estaria havendo uma mudança de direção na política monetária do país, como chegou-se a especular na semana passada, o que causou uma queda de 6,5% na bolsa do país. Como comentei naquela ocasião, é ainda vale para o atual momento: Acredito que o aperto de liquidez não seja uma mudança drástica de política monetária no país, já que o crescimento ainda se mostra fragilizado e a inflação excessivamente baixa. Este tipo de aperto de liquidez costuma ser um “ajuste fino” de política monetária. Em relação as bolsas locais, contudo, após uma alta rápida e acentuada, sem respaldo dos fundamentos macro, e com valuations já um tanto esticados, um movimento de realização de lucros me parece natural e saudável, contanto que não seja rápido e acentuado como foi na semana passada. Mesmo ainda vendo um cenário de menor crescimento estrutural do país nos próximos anos, vejo os riscos de cauda para a economia chinesa sendo dissipados, com o governo tomando as medidas necessárias para lidar com os problemas de curto-prazo.

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