Brasil: Inflação surpreende para cima, de novo
Brasil – O IPCA de maio ficou muito acima das
expectativas do mercado, com alta de 0,74% MoM e 8,47% YoY. O qualitativo do
número também não foi animador, com os núcleos e o índice de difusão ainda
desconfortavelmente elevados. Como nossa área econômica vinha chamando a
atenção, o risco de uma inflação mais alta nos próximos dois meses eram
elevados e estão se confirmando. Neste ambiente, a probabilidade de um IPCA de
9% este ano se elevou consideravelmente e o mercado começa a migrar nesta
direção.
Diante deste cenário, o mercado
apresentou uma forte abertura de taxa de juros, linear ao longo da curva. Sem
um sinal claro da proximidade do final do ciclo de alta de juros no Brasil, e
com um mercado internacional apresentando acentuada abertura de taxas de juros
nos países desenvolvidos, o ambiente ainda se mostra desafiador para esta
classe de ativos. Vejo valor na parte intermediária e longa da curva, mas
entendo que um desempenho mais positivo irá depender de uma maior claridade em
torno destes dois temas citados anteriormente, leia-se, timing para o fim do ciclo de alta da taxa Selic e um arrefecimento
do movimento de alta de juros nos países desenvolvidos.
A curva precifica altas de
48bps+23bps+5bps nas próximas reuniões do Copom, com uma queda expressiva de
taxas a partir do fim de 2015. A dinâmica do mercado está provando que é mais
prudente esperar um sinal claro de que o ciclo de alta de juros está próximo do
fim antes de tomar posições agressivas na ponta aplicada em juros prefixados. O
nível do mercado justifica uma posição moderada nesta classe, mas o caminho
pode ser tortuoso antes de um fechamento de taxas mais expressivo.
No mercado de câmbio, o BRL
atingiu o nível que julgo ser prudente elevar a alocação comprada, no patamar
de 3,05-3,10. Acredito que abaixo de 3,05 o BCB irá reduzir a rolagem de swaps
cambiais vincendo. Vejo uma depreciação cambial como um caminho necessário e
natural de ajuste da economia. Acredito que os fluxos financeiros de
curto-prazo podem continuar a dar um tom mais positivo para a moeda, mas vejo
este movimento como pontual e passageiro.
A recuperação do mercado de commodities, e uma notícia afastando o risco
de taxação de JCP, ajudaram a dar um tom positivo para o mercado de renda
variável.
Externo – O fluxo de notícias em relação a
Grécia melhorou nesta quarta-feira. Parece que existe disposição política em
resolver a situação, o que por si só já deveria ser um bom sinal para os
mercados. Continuo vendo um acordo intermediário como o cenário mais provável,
mas o mercado deve continuar sensível ao tema até que algo concreto seja
anunciado.
Acredito que seja válido olhar
para alocações compradas em bolsa europeia após a correção recente. Acredito
que o “trade” pro QE na Europa seja mais claro hoje na bolsa do que nos juros
ou na moeda, mas acredito que, mais cedo do que tarde, o cenário para o retorno
da tendência de alta do USD no mundo será retomado.
O mercado de juros nos países
desenvolvidos continua frágil. Apenas uma rodada de dados econômicos mais
fracos, ou uma intervenção verbal por parte do BCE ou do Fed será capaz de
frear este movimento no curto-prazo.
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