Update
A segunda-feira foi marcada pela digestão dos mercados aos
eventos na Grécia no final de semana.
Como não houve novidades relevantes no cenário (a bolsa e os bancos locais
estão fechado, há limite de resgates nos ATMs, o referendo está confirmado para
o dia 5 e a EU se mostra disposta a voltar à mesa de negociações), o dia foi
basicamente de acomodação dos ativos a uma nova realidade, com um default
iminente e o aumento da probabilidade da saída da Grécia da UE.
No mercado de renda variável, a reação foi clássica de aversão a
risco, com queda generalizada das bolsas ao redor do mundo. O dia foi de
fechamento de taxas de juros nos países desenvolvidos, com abertura de taxas
nos países da periferia da Europa e na maioria dos países emergentes. No
mercado de câmbio, contudo, a reação foi ambígua, com alguns pares apresentando
depreciação contra o USD, enquanto outros pares tiveram um dia de apreciação.
Acredito que o movimento seja puramente técnico neste segundo caso.
No Brasil, seguindo a
tendência externa, a bolsa apresentou queda. O mercado local de juros, assim
como o dólar, após uma abertura sobre pressão, apresentou melhora ao longo do
dia, para fechar próximo a estabilidade. Continuo vendo os ativos locais excessivamente lenientes com a
piora do cenário local, mas entendo que talvez seja necessária uma mudança
substancial de cenário para a política monetária norte americana para que o
mercado de câmbio e juros apresente uma deterioração mais relevante.
No tocante a Grécia, acredito que o curto-prazo será
de incerteza, o que pode manter os ativos de risco ainda frágeis. O poder de barganha do
governo grego hoje é baixíssimo, já que a economia encontra-se em “queda livre”
e a população em situação drástica. Do ponto de vista da
EU, o ECB detém inúmeros instrumentos capazes de conter um contágio mais
acentuado para os demais países da região, o que deveria evitar um evento ainda
mais negativo, como foi a Lehman em 2008. No entanto, tudo indica que será necessária uma deterioração
adicional da situação para que esse “arsenal” seja colocado em prática.
Não vejo vantagem comparativa em se posicionar para nenhum
cenário com relação a Grécia, mas precisamos monitorar a situação para ter
noção dos efeitos secundários do problema para o resto do mundo.
A crise grega, caso se estenda por muito tempo, pode adiar a
decisão do Fed em dar início a um processo de alta de juros. Do ponto de vista
brasileiro, o mercado pode ver a crise como uma reprise de 2011, quando o BCB
deu seu famoso “cavalo de pau” nos juros. Acho que a situação hoje é muito
diferente daquele momento, mas continuo acreditando que estamos cada vez mais
próximos ao final deste ciclo de alta de juros.
No curto-prazo, o dólar pode se favorecer de um cenário de
aversão a risco, com maior impacto negativo sobre EM, mas algum suporte para
G10. A resolução deste problema, eventualmente, traz de volta à pauta o
processo de alta de juros nos EUA. Assim, continuo gostando de manter uma
posição comprada em dólar contra uma cesta de moedas, dividindo o risco entre
EM e G10. O risco, é uma resolução dos problemas na Grécia, mas com o Fed
adiando mais uma vez o início do processo de alta de juros, o que levará a mais
uma rodada de queda do dólar no mundo.
Eu continuo com a mesma visão de portfólio das últimas
semanas, vendo a Grécia como um ruído que precisa ser monitorado. Como
tenho chamado a atenção ao longo das últimas semanas, não acredito que o
momento seja para uma exposição relevante a risco. No cenário externo, continuo
gostando de posições compradas em dólar
contra uma cesta de moedas (BRL, MXN, EUR, AUD e CAD). No que diz respeito ao
Brasil, gosto de posições vendidas em BRL, e estruturas de opções baixistas para a bolsa (put/spreads). As vols
implícitas do BRL apresentaram queda relevante nos últimos dias, saindo
de 20% para 15%, criando oportunidades de se posicionar na compra do dólar via
opções. Gosto da fly para final
de julho (3200/3300/3400), combinada com call/spreads
mais longos (3400/3500), além de posições no mercado futuro.
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