Ata do Copom & USD

Brasil - A Ata do Copom não trouxe novidades relevantes ao cenário. O texto foi muito parecido com o documento anterior. A informação que julgo ser a mais relevante da Ata fica por conta das projeções de inflação para 2016 não terem apresentado algum sinal de arrefecimento, o que alguns no mercado acreditavam que poderia acontecer (elevando a probabilidade de uma redução do ritmo do ciclo de alta de juros). Assim, consolida-se um cenário em que o BCB deverá dar continuidade ao ciclo de alta de juros. Por hora, sem alterações no cenário, a probabilidade maior é de que o ritmo de alta seja mantido em 50bps por reunião.

O cenário para a inflação em 2015 continua surpreendendo para cima, com riscos crescentes de uma inércia não desprezível para 2016, o que tem tornado o trabalho do BCB cada vez mais desafiador.

A curva de juros precifica altas de 47bps+25bps nas próximas reuniões do Copom, com quedas expressivas a partir de 2016. A curva continua se invertendo negativamente, com o Jan21/Jan17 a -110bps, piso deste ciclo. Não descarto a continuidade deste movimento. A curva de juros reais vem reagindo de forma clássica a um cenário de inflação mais alta, com as inflações implícitas abrindo taxas e um desempenho mais positivo dos juros reais em detrimento aos juros nominais.

A dinâmica do mercado está provando que é mais prudente esperar um sinal claro de que o ciclo de alta de juros está próximo do fim antes de tomar posições agressivas na ponta aplicada em juros prefixados. O nível do mercado justifica uma posição moderada nesta classe, mas o caminho pode ser tortuoso antes de um fechamento de taxas mais expressivo. Faz sentido favorecer a parte longa em detrimento a parte curta da curva.

Na tarde de ontem, o BCB anunciou a redução do ritmo de rolagem dos swaps cambiais. Se mantido o atual ritmo, a rolagem irá cair de 80% para 75% dos vencimentos. A atuação do BCB mostra oportunismo na rolagem dos swaps, o que me parece inteligente e prudente. Vejo a depreciação cambial como um vetor natural e saudável de ajuste da economia. O patamar de 3,10-3,20 tem se firmado como uma nova banda de curto-prazo. O patamar de 3,05-3,10 tem se mostrando um bom ponto de elevação da alocação comprada em dólar. Em algum momento do tempo, contudo, o patamar de 3,20 deverá ser rompido para cima.

EUA – As vendas no varejo de maio foram positivas e superaram as expectativas do mercado. O Jobless Claims manteve-se no patamar mais baixo desde 2007. Com dados de atividade econômica mais fortes sendo divulgados nos últimos dias, consolida-se a visão de um crescimento próximo a 3% anualizado neste segundo trimestre do ano.

Mantenho a visão de que o diferencial de política monetária irá, mais cedo do que tarde, favorecer o USD em detrimento as demais moedas ao redor do mundo, o que fará com que o USD volte a apresentar uma tendência de alta, com o DXY buscando o patamar de 100 pontos. Após o movimento já verificado nos últimos meses, entendo que as próximas rodadas de alta do USD podem vir a ser mais brandas e erráticas do que aquela observado no segundo semestre de 2014 e no começo deste ano. Tomando o DXY como parâmetro, acredito que devemos operar na banda de 95 a 100 no curto-prazo, com o dólar devendo buscar a parte de cima desta banda e, eventualmente rompendo este patamar, à medida que os dados econômicos confirmem uma recuperação da atividade norte-americana após um primeiro trimestre fraco.

As decisões de cortes de juros na Nova Zelândia e na Coréia do Sul, além de uma sinalização mais dovish por parte do BC na Austrália, aliados a robusto patamar de vendas no varejo nos EUA em maio, podem ser os ingredientes que faltavam para o retorno da tendência de fortalecimento do dólar ao redor do mundo.

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