FOMC em Foco

Os ativos de risco estão operando com viés mais positivo desde a manhã de ontem, a despeito da ausência de avanços concretos nas negociações entre a Grécia e seus credores. O destaque da manhã fica por conta de um leve viés de fortalecimento do USD, com o mercado na expectativa da reunião do FOMC nos EUA.

Na Minha visão, o Fed deveria trazer o menor ruído possível aos mercados. Após a reunião de hoje, deveria ficar claro que uma alta de juros em julho está descartada, mas ainda existe espaço para o começo do processo de normalização monetária, via alta de juros, em setembro. O FOMC deve reforçar sua postura de estar dependente dos dados econômicos. Podemos observar algumas revisões nos “dots” e nas previsões de PIB, Core PCE e taxa de desemprego, mas deveria ser revisões marginais.

No Brasil, a agenda do dia terá o IBC-Br como destaque, assim como os dados do CAGED devem ser divulgados dentro de alguns dias. A mídia ventilou obtem que o CAGED pode apresentar uma perda líquida de cerca de 100 mil postos de trabalho em maio, o que seria mais um sinal de extrema fragilidade da economia, com o mercado de trabalho piorando em um ritmo muito mais rápido do que o previsto anteriormente. Nossa área econômica vem, a algumas semanas, chamando a atenção para um PIB inferior a -2% este ano. Um número desta magnitude pode acabar confirmando este ambiente mais negativo. Por hora, o BCB parece de mãos atadas devido às perspectivas inflacionárias, mas um número fraco pode vir a ajudar no combate a inflação e no encerramento do ciclo de alta de juros. Continuo vendo um cenário de curto-prazo mais desafiador para o cenário de Brasil, com o ambiente político novamente conturbado, a meta fiscal em xeque e com a expectativa do TCU colocar em foco, novamente, as “pedaladas fiscais” do primeiro mandato do governo Dilma.

Continuo vendo poucas assimetrias para a formação do portfólio. Gosto de manter uma posição estrutural comprada em dólar contra uma cesta de moeda (BRL, AUD, CAD, TRY, ZAR, EUR), olhando o patamar de 95 do DXY como parâmetro de piso para o movimento. Teria cerca de 1/3 do risco máximo no atual momento. Elevaria a posição com um sinal mais claro do Fed e/ou com dados mais sólidos e/ou com um price-action mais favorável. Sigo com uma postura mais tática no mercado local de juros. Olharia para uma posição aplica nos atuais níveis, mas com stop curto, e de tamanho apenas moderado, a espera deste CAGED mais negativo. Ainda não vejo espaço para posições estruturais maiores nesta classe enquanto o BCB não der um sinal claro que está próximo ao fim do ciclo. Não me importo caso, eventualmente, perca a primeira rodada de fechamento de taxas. A dinâmica do mercado tem mostrado que tentar acertar o ponto de inflexão de política monetária local tem sido extremamente custoso. Não acho que estamos em um cenário para se apostar em um "evento de cauda na Grécia", mas buscaria hedges para um eventual default do país. Gosto de puts de bolsas nos EUA para se proteger diante deste cenário. 

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