Sweet Spot!

Passadas as reuniões do BoJ e do Fed, acredito que abre-se uma janela para mais um período de alocação a risco e, especialmente, busca por yields por parte dos investidores. O próximo evento de risco para o mercado será a eleição para presidente dos EUA, daqui a cerca de 45 dias. O cenário de médio-prazo da China preocupa, como sempre preocupou nos últimos anos, mas a injeção recente de liquidez parece estar ajudando a estabilizar a economia no curto-prazo.

Fed – Hawkish hike? Really? O FOMC manteve os juros estáveis em 0,25%, como era amplamente esperado. A surpresa que pode ser lida como hawkish foi o dissenso de 3 membros em favor de uma alta de 25bps já nesta reunião, contra 1 dissenso no último FOMC. Ademais, pelos dots, espera-se apenas 1 alta de juros este ano, apenas 2 alta em 2017 (contra 3 da reunião anterior), e os Fed Funds de longo-prazo caíram de 3% para 2,9%. Assim, o Fed reforça a ideia de um ciclo extremamente gradual de alta de juros, ainda mais cauteloso do que o anteriormente previsto.

Na coletiva de imprensa, Yellen ainda demonstrou, na minha visão, enorme tranquilidade com o cenário, e nenhuma pressa em elevar as taxas de juros. Duas frases me chamaram especialmente a atenção:

*YELLEN: DON'T WANT TO OVERSHOOT INFLATION GOAL SIGNIFICANTLY  
*YELLEN: WOULD LIKE TO AVOID CREATING DOWNSIDE RISK IN LABOR MKT

A adição do termo “SIGNIFICANTLY” na primeira frase mostra que existe alguma intenção por parte do Fed em deixar a inflação, por um tempo, a acima dos 2%, em um cenário parecido com o que foi desenhando pelo BoJ em sua decisão de hoje. Com a inflação ainda muito abaixo de 2%, não vejo como o Fed ter sido mais claro, ou mais dovish, neste sentido. A segunda frase fala por si. O Fed continua extraordinariamente cauteloso.

Brasil – O BCB colocou 3 condições primordiais para começar o ciclo de queda de juros. (1) recuo da inflação corrente, (2) recuo das expectativas de inflação e (3) encaminhamento do ajuste fiscal. Nos últimos dias, vimos os seguintes eventos. (1) recuo substancial das coletas de inflação, (2) a sinalização de uma possível queda no preço da gasolina, que poderá ser incorporada nas expectativas de inflação e (3) há sinais de que a PEC do Teto dos Gastos será votada em comissão especial na primeira semana de outubro, com a possibilidade de ser votada em plenário até o final de outubro.

Neste ambiente, não é à toa que o mercado passou a precificar probabilidade elevada de uma queda de 25bps na Taxa Selic no Copom de outubro. Este não era o cenário central, mas passou a ter uma probabilidade relevante, talvez já próxima de 50% (ou mais) na minha visão.

Resumidamente, salvo algum evento fora do radar, parece que retornamos ao cenário de busca por carry/yield que prevaleceu até algumas semanas atrás. Para ajudar ainda mais positivamente o cenário, as condições para um ciclo de queda de juros no Brasil estão se materializando, e o ajuste fiscal caminha a passos largos.


Acredito que seja a hora de alongar duration na carteira de Brasil, mantendo estruturas de opção para a queda de juros em outubro. O Brasil continua a ser o grande favorecido do atual cenário econômico global.

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