Taxa Selic, Reformas Econômicas e Payroll em foco.
Os ativos de risco, após uma noite sem novidades relevantes para o cenário, estão em compasso de espera para os dados de emprego de agosto nos EUA.
No Brasil, o Correio Brasiliense, de Vicente Nunes, e o Valor, de Alex Ribeiro, apresentam artigos com interpretações parecidas do comunicado do Copom, mas com conclusões um pouco distintas. Vicente Nunes acredita que existe espaço para uma queda de juros em outubro, enquanto Alex Ribeiro acha este cenário pouco factível, mas não impossível.
Para Vicente Nunes, Técnicos do Banco Central acreditam que o corte da taxa básica de juros (Selic) está a caminho, mas ressaltam que o mercado deve manter o pé no freio nas apostas de mudança na política monetária em outubro. Ele dizem que as condições para que o time comandado por Ilan Goldfajn dê o alívio que todos esperam estão criadas, mas tudo dependerá de como o governo encaminhará no Congresso Nacional a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos à inflação do ano anterior e a reforma da Previdência Social. Se o projeto for aprovado pela Câmara dos Deputados até as vésperas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 18 e 19 de outubro, as chances de queda da Selic aumentarão muito. Nesse caso, acreditam os técnicos, o BC nem esperaria a convergência das projeções de inflação para 4,5%, como vem pregando o comando da instituição. Ilan e companhia teriam a justificativa de que o tão esperado ajuste fiscal ficaria mais próximo de sair do campo das promessas para se tornar realidade.
Já segundo Alex Ribeiro, O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou um eventual aumento de impostos, embora tenha dito que a solução preferencial é contingenciar despesas. Se subir impostos, o mais provável seria a majoração de contribuições, como a Cide, que podem ser cobradas 90 dias depois de aprovadas. Para o BC, que apontou uma série de desafios para baixar o juro - principalmente inflação resistente e aprovação do ajuste fiscal de longo prazo - esse é um foco de incerteza que possivelmente será solucionado apenas em 2017.
No campo político, a mídia está reportando que Michel Temer já adota uma postura mais dura no tocante à necessidade da aprovação das reformas econômicas, sinalizando que pode punir aliados de sua base que votem contra as propostas do governo. Esta é exatamente a postura que esperávamos do “novo” governo Temer. O mercado estará focado nas condições existentes para que o conjunto de reformas sejam aprovadas no congresso, já que acreditamos que existe ampla disposição do governo nesta direção. Os primeiros sinais de Temer após aprovado o impeachment são extremamente positivos.
Nos EUA, desenhar cenários para o conjunto de dados de emprego nunca é uma situação trivial, mas vamos lá...
Acredito que uma criação de vagas de trabalho acima de 150 mil postos, com uma taxa de desemprego em torno da atual, será suficiente para o Fed manter acesa a possibilidade de uma alta de juros já em setembro. Um número mais baixo do que 150 mil tornará este cenário menos factível.
Em relação aos mercados financeiros globais, acredito que uma combinação de Payroll “OK” (em torno de 100-150 mil), mas sem surpresas altistas nos números de remuneração, pode ser visto como positivo para os ativos de risco. O pior dos cenários para risco seria um Payroll fraco, em conjunto com uma elevação acentuada da remuneração. Este cenário apontaria para uma economia no “full employment”, com produtividade baixa, o que poderia forçar o Fed a elevar os juros mesmo com crescimento ainda duvidoso. Números de Payroll muito abaixo d 100 mil tornam essa equação um tanto quanto complexa, e tenho dúvidas de como os ativos de risco reagiriam.
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