Curva Local de Juros & Bancos Centrais.
A segunda-feira foi de poucas novidades, baixa volatilidade e
liquidez, devido ao feriado nos EUA.
No Brasil, o dia foi de consolidação, com alta do dólar e
abertura de taxa de juros. Não vejo motivos para alterar a visão construtiva
com os ativos locais. Uma nova operação da polícia federal, desta vez
envolvendo fundos de pensão e alguns agentes do mercado financeiro pode ter
ajudado a dar um humor mais negativo em um dia de baixa liquidez, mas não vejo
este vetor como determinante para a dinâmica dos ativos locais no médio-prazo.
A curva local de juros precifica cerca de 250bps de corte de juros,
com o ciclo começando com cerca de 20bps de queda em outubro, e continuando com
um ritmo de cerca de 50bps nas reuniões seguintes. Olhando de hoje, este
cenário parece justo. Diante do cenário que vislumbro para os próximos meses,
de queda da inflação corrente, aprovação do ajuste fiscal, consequente queda
das expectativas de inflação, e possível início do ciclo de queda da taxa
Selic, parece haver espaço para o mercado precificar um ciclo de queda maior do
que o atual.
Amanhã, teremos a divulgação da Ata do Copom. Com um comunicado
já bastante claro, direto e transparente, acho difícil que a Ata traga notícias
adicionais. O espaço para dar início a um ciclo de queda da taxa Selic está
aberto, contanto que as variáveis descritas pelo Copom sejam atingidas, ou
seja, queda da inflação corrente, arrefecimento das expectativas de inflação e
avanço do ajuste fiscal. Estas medidas não são de fácil concretização até a
reunião do Copom de outubro, mas nem tampouco são impossíveis.
Segundo nossa análise interna dos fundos locais, vemos o mercado
aplicado em taxas de juros e vendido em dólar (comprado em BRL). Os fundos
multimercados macro parecem mais neutros em renda variável, ou com posições de
menor magnitude. As posições são relevantes, mas o quadro técnico não parece
ainda excessivo.
No cenário externo, os bancos centrais de Europa, Japão e EUA
estarão nos holofotes nos próximos dias. Não espero grandes medidas vindas da
Europa e dos Japão, e acredito que o mercado não precifique nada de agressivo
dessas duas frentes. Será uma surpresa, apenas, e com probabilidade muito
baixa, qualquer sinalização mais clara de que o poder da política monetária
está comprometido e novas medidas não seriam nem necessárias, nem prudentes.
Nos EUA, o Fed poderá utilizar os próximos dias para guiar as
expectativas do mercado para uma probabilidade maior de alta de juros já em
setembro. Acho que a chances de uma alta ainda este mês são elevadas, e isso
poderá causar algum ruído pontual aos ativos de risco. Não vejo essa sinalização
como capaz de alterar o cenário construtivos para os ativos de risco. Sinais
mais evidentes de piora no crescimento da China me preocupam mais do que um Fed
excessivamente hawkish.
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