Novos sinais de desaceleração global.
Os ativos
de risco estão abrindo a quarta-feira, dia de feriado no Brasil, sem grandes movimentações, exceto por questões pontuais.
Nos EUA, John Williams, integrante do FOMC,
e considerado um “centrista” dentro do comitê, reforçou a mensagem que vinham
sendo adotada mesmo antes dos últimos dados econômicos mais fracos no país.
Segundo a cobertura da Bloomberg em relação ao discurso de Williams na noite de
ontem:
The economy is “in good shape and
headed in the right direction,” Williams said, according to a text of his
remarks in Reno, Nevada. As a result, “it makes sense to get back to a pace of
gradual rate increases, preferably sooner rather than later,” Williams said,
repeating an argument that he made Aug. 18 in Alaska, though incoming data
since then has been mixed.
A
mensagem não deixa explícita se uma alta de juros poderá ocorrer já em
setembro, ou se o Fed está apenas optando por deixar suas possibilidades em aberto.
De qualquer maneira, acredito que na
ausência de sinais claros de inflação, mesmo que o Fed opte por uma elevação
pontual de juros, não deveria inverter o ambiente construtivo para ativos de
risco. Minha preocupação maior reside na possibilidade do mundo estar entrando
em mais uma rodada de desaceleração, em um momento de políticas monetárias
menos potentes no mundo desenvolvido.
Nesta
frente, os dados econômicos na Europa, divulgados essa manhã, são poucos
animadores. Na Alemanha, a produção
industrial apresentou forte queda de 1,5% MoM em julho, muito abaixo das
expectativas de alta de 0,1% MoM. Na Inglaterra,
o Manufacturing Production caiu 0,9% MoM no mesmo mês, também abaixo das
expectativas. Esses números complementam uma série de outros indicadores de
atividade econômica, divulgados nos últimos dias que apontam para um clara
perde de momento da economia da Europa.
Na China, as reservas internacionais
apresentaram queda de US$15,9bi em agosto. O número é abaixo dos fortes fluxos
negativos verificados no país no inicio do ano, mas mostra que ainda existe um
pressão, não desprezível, para a depreciação cambial. Por ora, o governo está
conseguindo administrar de maneira fluida e suave este movimento.
No Japão, desde o começo da semana o JPY
vem sofrendo uma forte pressão de apreciação. O mercado está, aos poucos,
perdendo as esperanças de que o BoJ será capaz de anunciar um novo pacote de
medidas monetárias capaz de estimular a economia do país.
Em suma, parece que continuamos em um
cenário de baixo crescimento global, com flutuações em torno da tendência, sem
riscos aparentes de recessão mundial. Na margem, contudo, a nova rodada de
números fracos de atividade econômica no mundo desenvolvido coloca a
condicionante “sem riscos aparentes de recessão mundial” em xeque. Os
investidores continuam a ver este ambiente como positivo para ativos de risco,
em especial aqueles que oferecem yield/carry atrativos com histórias econômicas
positivas (ou em vias de recuperação). Caso os números recentes da economia
mundial elevem os riscos de um período mais prolongado, ou acentuado, de
crescimento ainda mais baixo, ou recessão, este ambiente será profundamente
testado. Assim, continuo favorecendo o mercado de renda fixa emergentes, em
especial no Brasil, optando por plays relativos no mercado de moedas (Long BRL VS
Short Commodity Currencies) e alguns hedges no mercado de renda variável
global.
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