No News is good news?

O final de semana foi de poucas novidades para o cenário econômico global, até o momento. A semana terá como destaque o primeiro debate para a campanha a presidente dos EUA, que poderá ser determinante para as intenções de voto dos americanos.

Eu vejo as eleições nos EUA como o próximo grande risco aos mercados financeiros globais. Outro risco fica por conta de um potencial questionamento dos investidores em torno da real potência da política monetária no mundo desenvolvido. Finalmente, a sustentabilidade da estabilização do crescimento chinês, à custa de uma injeção cada vez maior de crédito na economia, é um problema que precisa ser monitorado interruptamente.

Reforço que vejo estes eventos como riscos ao cenário, e não como cenário central. Acredito que especialmente os dois últimos, serão foco dos mercados financeiros globais em algum momento do tempo, mas vejo uma janela no curto-prazo em que ambos possam ficar restritos ao âmbito de “riscos de cauda” e não “cenário base”.

Neste ambiente, não vejo grandes tendências de curto-prazo nos mercados financeiros globais, exceto por movimentos pontuais e localizados. Assim, tenho mantido o foco no mercado local de juros, em que vejo “os astros alinhados” para mais uma rodada de fechamento de taxas de juros (inflação corrente em queda, expectativas de inflação ancoradas, BCB próximo ao inicio do ciclo de queda de juros, avanço do debate em torno da reforma fiscal, e etc). O BRL me parece um play de carrego. Há espaço para que o range de 3,2-3,3 caia para 3,0-3,2, mas não vejo grandes apreciações a partir do ponto em que estamos. Por mais que o fluxo deva melhorar e o externo se mostre positivo no curto-prazo, não vejo a moeda muito abaixo do patamar de 3,0.

Em relação ao noticiário do final de semana, destaque para algumas matérias falando sobre o preço da gasolina. O resumo geral é que ainda não há decisão fundamentada para qual será o novo modelo de precificação, mas que um novo modelo será apresentado até o final do ano. Neste novo modelo, a paridade internacional e a competitividade deverão ser observadas. Assim, me parece claro que há espaço, neste momento, para uma queda no preço da gasolina até o final do ano. Mais importante do que isso, a sinalização deste novo modelo de precificação deveria ajudar na queda das expectativas de inflação para 2017.

Já segundo Vicente Nunes, do Correio Brasiliense:

Em meio ao vaivém de decisões, o que causa péssima impressão do governo, o presidente Michel Temer poderá receber uma ótima notícia bem antes do esperado. Se nada mudar no meio do caminho, na segunda quinzena de outubro, o Banco Central dará início ao corte da taxa básica de juros (Selic), que está em 14,25% ao ano desde julho de 2015. A inflação, que se mantinha resistente, cedeu com força, puxada pelos alimentos. O dólar está comportado, abaixo dos R$ 3,30 que o BC considera como teto para não pressionar o custo de vida. Só falta, agora, o Palácio do Planalto fazer andar, no Congresso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento de gastos à carestia do ano anterior. É a senha que o banco deseja.

Dentro do BC, a ordem é tratar do tema com cautela, ainda que a maioria dos diretores da instituição se mostre favorável ao alívio monetário o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo que indica que as portas estão abertas para a queda da Selic, o banco reforça que há riscos no meio do caminho, e que é preciso minimizá-los. O presidente do BC, Ilan Goldfjan, tratou de preparar os agentes econômicos para o que está por vir. Ele é o principal defensor da queda dos juros, mas insiste que não há espaço para aventuras. Na visão de Ilan, o governo precisa dar demonstrações mais fortes de compromisso com o ajuste fiscal. A maior preocupação da autoridade monetária é não passar uma imagem de leniência em relação à inflação.

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