Stabilizing?

Os mercados financeiros globais continuaram a mostrar sinais de fragilidade, mas o dia foi de risk-off mais clássico, com queda das bolsas norte americanas, fechamento de taxa de juros das Treasuries e queda no petróleo. O mercado de moedas apresentou-se mais misto, enquanto as commodities metálicas apresentaram alta, provavelmente reagindo aos dados mais positivos provenientes da China nos últimos 2 dias.

No Brasil, pela primeira vez desde o final da semana passada, observamos uma dinâmica um pouco mais construtiva dos ativos locais vis-à-vis os ativos externos. A curva de juros manteve viés de steepening e o BRL permaneceu pressionado. Pelas cotas dos fundos locais de ontem, o mercado estava bastante alocado em ativos brasileiros. Acredito que o quadro técnico tenha melhorado nos últimos dias, mas é difícil acreditar que todo o ajuste de posições tenha sido feito.

No cenário local, por ora, em segundo plano, mas não que não pode ser esquecido, tivemos notícias mistas. De um lado, alguns Estados do Norte e Nordeste estão pressionando a Governo Federal por ajuda financeira, prometendo declarar “Estado de Calamidade” caso não sejam ajudados. Por outro lado, o governo continua a trabalhar nos bastidores da política, e em conjunto com a mídia, a fim de esclarecer a classe política, e a população em geral, as questões em torno da PEC do Teto dos Gastos e a Reforma da Previdência. Os avanços ainda são pequenos, mas as esperanças de aprovação ainda existem. O relator da PEC do Teto dos Gastos declarou que pode votar no comitê já na primeira semana de outubro, antes da reunião do Copom.

Acho que ainda seja momento de manter alguma cautela. O mercado continua bastante técnico.  Os últimos dias parecem ter criado um estrago grande em alguns mercados, que precisará ser digerido ao longo do tempo.

Acho válido reduzir duration, mas não posição, no mercado local de juros. Entendo que o shape da curva já tenha inclinado bastante nos últimos dias. Contudo, o cenário externo inspira cuidado. Nos atuais níveis, e com o cenário que temos de política monetária, inflação e atividade, o DI Janeiro 19 me parece o melhor vértice para carregar. Ainda teremos volatilidade pela frente. Os níveis parecem atrativos, mas a posição técnica ainda aparenta estar “esticada”, a despeito de alguma melhora nos últimos dias. Finalmente, já começo a achar válido buscar opcionalidades de alta para a bolsa local. Mantenho viés tático no BRL. Continuo com hedges nos mercados globais de renda variável.

Um breve comentário sobre Japão. Ontem, o Nikkei – agência de notícias reconhecida como canal de comunicação do BoJ e do Governo japonês – afirmou que o BoJ deverá adicionar estímulos em sua próxima reunião, cortando ainda mais as taxas de juros, adicionando QE, porém reduzindo a duration de suas compras, em uma tentativa de steepar a curva de juros. Esta questão tem sido o ponto central de fragilidade para os ativos de risco. Enquanto essa política não for totalmente entendida, e o mercado ajustar suas expectativas e posições, teremos picos de volatilidade nos ativos de risco.

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