DM Rates: Watch Out!

Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira com viés negativo. Existem dois vetores recentes que podem estar levando a uma realização de lucros, ou consolidação, dos mercados financeiros globais.

Primeiro, na China, o CPI de agosto recuou de 1,8% YoY para 1,3% YoY, muito abaixo das expectativas do mercado. A queda é, em grande parte, explicada pelos preços de alimentação e combustíveis. Se, por um lado, a inflação mais baixa representa um espaço maior para a atuação dos policy makers em busca de mais estímulos à economia, por outro lado, uma inflação cadente mostra uma economia com excesso de capacidade produtiva, com “output gap” bastante aberto, um cenário que costuma representar crescimento baixo ou, no mínimo, abaixo do potencial.

No mundo desenvolvido, a reunião do ECB ontem mostrou um comitê sem pressa de adotar medidas adicionais de política monetária. Draghi não deu sinais claros de que pretende acionar, no curto-prazo, novos instrumentos de política monetária. A decisão deve ser vista em um contexto em que o Japão trabalha em busca de instrumentos mais potentes para lidar com um cenário de baixo crescimento e inflação, e diante de um cenário em que o Fed insiste em sinalizar para um potencial aumento de juros no país no curto-prazo.

Neste ambiente, os mercados financeiros globais começaram a questionar se os limites da política monetária no mundo desenvolvido foram esgotados, ou estão prestes a se esgotar. A reação racional foi uma abertura de taxa de juros, e um steepening das curvas globais de juros, lideradas pelo mundo desenvolvido.

Na minha visão, estes movimentos deveriam ser restringidos por uma ausência quase que completa de inflação no mundo desenvolvido. Contudo, em meio a uma posição técnica claramente excessiva nos bonds globais (especialmente DM), com níveis de preços extremamente “esticados”, não podemos descartar um movimento pontual, mas que poderia ser acentuado, de abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido. Um cenário como este não seria inédito, já que no ano passado observamos, em um curto espaço de tempo, osBunds saírem de próximo a 0,0% para cerca de 1%, sem mudanças relevantes de cenário, mas em um ambiente de quadro técnico e valuation parecido com o atual.

O cenário requer uma dose extra de hedges nos portfólios.

No Brasil, o governo conseguiu quorum na noite de ontem par aprovar 2 MPs que corriam o risco de “caducarem” caso não fossem aprovadas pelo Senado. Além disso, Temer e Cia já começam a ventilar propostas para a Reforma Trabalhista, enquanto trabalham na aprovação da PEC do Teto dos Gastos e na Reforma da Previdência. Continuo vendo como positiva a postura deste governo.

Todas as atenções do dia estarão voltadas para o IPCA de agosto. Um número muito fora das expectativas pode representar ou um aumento expressivo da probabilidade de queda de juros no Copom de outubro, ou uma redução completa desta probabilidade.

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