ISM, Juros Brasil, Ásia

A quinta-feira foi marcada pela divulgação de um ISM Manufacturing, nos EUA, não apenas abaixo das expectativas do mercado, como abaixo dos 50 pontos – limiar que divide a fronteira entre uma economia em expansão, ou em contração. A fraqueza do setor manufatureiro dos EUA está em linha com os sinais emitidos pelos PMIs de outras regiões do mundo, que mostram um crescimento pífio deste setor da economia global.

Acho válido chamar a atenção para um movimento que vem ocorrendo de maneira fluida, porém não menos importante, de fraqueza das economias da Ásia, mesmo que o crescimento chinês aparente estar em posição satisfatória. O Morgan Stanley resumiu com clareza o cenário, que reproduzo a seguir, no final deste post.

No Brasil, a curva de juros reagiu de maneira clássica a nova mensagem do comunicado do Copom, ou seja, com forte fechamento de taxas dos vértices intermediários da curva, e levesteepening. O BCB colocou com clareza as condições para que o ciclo de queda da taxa Selic seja iniciado. Não será fácil, ou trivial, atingir as condições impostas pelo BCB, mas também não vejo essas condições como inatingíveis até a próxima reunião do Copom. Assim, eleva-se a probabilidade de queda de juros no próximo Copom, mesmo que o cenário central continue sendo de queda apenas na última reunião do ano.

Ainda vejo espaço para a continuidade do movimento de queda das taxas locais de juros, onde acredito que precisa estar concentrada a alocação de risco no momento. Vejo um ambiente menos trivial nos mercados de câmbio e renda variável.

Nos EUA, o foco absoluto ficará por conta dos dados de emprego de agosto a serem divulgados na manhã desta sexta-feira. Desenhar cenários para este conjunto de dados nunca é uma situação trivial, mas vamos lá...

Acredito que uma criação de vagas de trabalho acima de 150 mil postos, com uma taxa de desemprego em torno da atual, será suficiente para o Fed manter acesa a possibilidade de uma alta de juros já em setembro. Um número mais baixo do que 150 mil tornará este cenário menos factível.

Em relação aos mercados financeiros globais, acredito que uma combinação de Payroll “OK” (em torno de 100-150 mil), mas sem surpresas altistas nos números de remuneração, pode ser visto como positivo para os ativos de risco. O pior dos cenários para risco seria um Payroll fraco, em conjunto com uma elevação acentuada da remuneração. Este cenário apontaria para uma economia no “full employment”, com produtividade baixa, o que poderia forçar o Fed a elevar os juros mesmo com crescimento ainda duvidoso. Números de Payroll muito abaixo d 100 mil tornam essa equação um tanto quanto complexa, e tenho dúvidas de como os ativos de risco reagiriam.

Abaixo, segue um breve resumo do cenário para a Ásia, cortesia do time de estratégia de moedas do Morgan Stanley:

AXJ data weakness: Except the official Chinese manufacturing PMI (50.4 vs. 49.8 expected), most other relevant Asian manufacturing PMI were in retreat (the Philippines at 55.3, Malaysia at 47.4). Moreover, China’s Caixin PMI reading moved back from 50.6 to 50, suggesting that the private manufacturing sector has moved back towards stagnation. China’s manufacturing sector should benefit from the 6.7% RMB depreciation witnessed since November. So far, the supportive effect coming via China’s improved competitive position has been lacklustre. On the other hand, South Korea (48.6 after 50.1) and other local trading partners of China showed weak PMI readings, indicating that higher local FX valuation has taken its toll. Korea’s and Thailand’s August CPI undershooting expectations supports our view that the region is challenged by substantial deflationary pressures. Sharp FX appreciations seen since January (USDKRW: -12%) have undermined inflation further. However, the main origin of these deflationary pressures is due to underutilised capacity and overleveraged balance sheets.

Watching manufacturing: USD tends to rise when global manufacturing activity weakens. Yesterday the Chicago PMI fell sharply, not boding well for the national ISM release later today. Due to global trade reaching 60% of global GDP, manufacturing trends have become highly synchronised. The US economy, being less exposed to manufacturing compared to AXJ economies, for example, may withstand these pressures better, explaining why USD tends to do better when there is global manufacturing weakness.

The rational for lower AXJ FX… By now Asian yield curves have flattened, reducing the attractiveness of this ‘fixed income trade’. Foreign inflows should ease from here, which itself should weaken the local currency outlook. The release of disappointing inflation data suggests local central banks will consider their current monetary and FX approaches. Especially against its main trading partners, which are China and the US, AXJ has run too strong currencies. The region may have a common interest to weaken its currencies, not only to provide support for ailing manufacturing sectors, but also to stop falling import prices undermining domestic prices further from here.

Falling oil and inflation expectations: There are increasing signs that the commodity market including oil have rolled over. Yesterday oil declined by 3.6% as the US released higher oil inventory data and the IEA suggested that it overestimated US oil demand for this year by 16%. Falling commodity prices would add to deflationary concerns, working at this stage against JPY and low-yielding AXJ as it would heighten the BoJ’s and other local AXJ central banks' monetary policy debate. This debate is missing within EMU, so we think the anticipation of higher real EUR rates will push the currency higher.

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