Risk-On! Fed, Bancos na Itália & Japão.

Os ativos de risco estão dando continuidade ao forte movimento de busca por ativos de risco após os eventos recentes no Japão. O movimento é liderado pelo Nikkei e pelo JPY, mas já se mostra espalhado ao redor de todo o mundo. A agenda do dia será relativamente esvaziada.

Na tarde de ontem, a temporada de resultados corporativos trimestrais teve início nos EUA, com a Alcoa divulgando um resultado superior as expectativas. A ação apresentou alta após o fechamento do mercado.

No curto-prazo, precisamos observar como será a narrativa do Fed diante dos desenvolvimentos recentes. O crescimento do país se mostra baixo, porém estável. Não há sinais de pressões altistas na inflação, mas a tendência gradual de alta nos índices de preço (que vem sendo sinalizada por membros do Fed) parece inalterada. Após o Brexit, observamos um forte alívio das condições financeiras, com o forte fechamento das taxas de juros, um dólar mais fraco e as bolsas nos picos históricos. Além disso, os cenários de cauda, mais negativos, para alguns países de mundo, parece ter se dissipado. O ambiente parece propício para o Fed retomar seu discurso de normalização monetária, extremamente gradual e cautelosa.

Enquanto os eventos no Japão se desenvolvem, a situação dos bancos da Itália permanece fluida, porém sem solução concreta. O mercado está confiante de que a Europa irá "aliviar" suas clausulas de resgate ("bail-in") para que uma solução concreta e definitiva seja implementada. Assim, os bancos na Itália acabaram saindo um pouco do radar do mercado após o Payroll nos EUA na sexta-feira. No final de semana, o economista chefe do DB deu uma entrevista bastante dura e negativa para um dos principais jornais da Alemanha, implorando por um pacote de resgate aos bancos europeus aos moldes do TARP ( que foi implementado nos EUA após a crise de 2008). Em reação as declarações do economista chefe do DB, o Head do Eurogroup respondeu de forma veemente que não pretende colocar recursos públicos no salvamento dos bancos antes que o "bail-in" seja utilizado. A questão continua me parecendo política, já que existem instrumento para solucionar a crise. Meu receio continua sendo que a situação talvez precise piorar antes de melhorar, para que os políticos adotem postura mais amigável.

Em relação ao Japão, a eleição no país, e a consequente perspectiva de uma nova rodada de estímulos fiscais, podem vir a alterar de forma não desprezível o cenário para os mercados financeiros globais.  Caso confirmado, o novo foco no fiscal poderia ser considerado uma vitória de “Main Street” contra “Wall Street” como alguns analistas costumam dizer. Vale, contudo, uma observação. São poucos os países ou regiões no mundo com espaço fiscal para adotar uma postura semelhante, o que torna qualquer analogia de curto-prazo um pouco capciosa.

A alteração dos estímulos econômicos da política monetária, cada vez menos eficaz, para a política fiscal, a última esperança para um momento mais positivo de crescimento, deveria ser positiva para o USD no mundo, já que coloca o Fed de volta ao foco no cenário interno. A medida deveria ser negativa para os bonds dos países desenvolvidos, por teoricamente gerar mais crescimento sem a necessidade de mais QE ou juros negativos. Para os mercados emergentes e de equity, o ambiente fica menos óbvio. Por um lado, a melhora na perspectiva de crescimento retira um risco de cauda relevante para o cenário. Por outro lado, a menor intervenção dos BC´s nos mercados financeiros globais poderia gerar uma abertura de taxas de juros no mundo desenvolvido, em um ambiente de posição técnica ruim e taxas muito comprimidas. De maneira geral, no curto-prazo, a resultante deve ser lida como positiva. Todavia, precisamos ficar atentos para qualquer interpretação diferente desta nos próximos dias. 

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