Mudança de narrativa?
O mercado fechou o mês com a mesma narrativa que prevaleceu ao
longo de toda a semana. O tom foi de recuperação das bolsas, fechamento de
taxas de juros ao redor do mundo e alta no preço das commodities. Impressiona o movimento dos metais preciosos,
especialmente da Prata. Eu entendo que, por hora, os efeitos do Brexit são
inexistentes do ponto de vista econômico, e podem ser pequenos ao longo do
tempo, mas não consigo ver o movimento das taxas de juros nos países
desenvolvidos, e nem mesmo essa dinâmica dos metais preciosos como positivos
para ativos de risco em geral. É verdade que os BCs ao redor do mundo
desenvolvido devem ficar ainda mais expansionistas por um período de tempo
ainda mais longo do que o anteriormente imaginado, mas até onde serão capazes
de carregar a economia nos ombros?
O PMI Manufacturing da China mostrou um quadro de fragilidade da
economia. Os dados oficiais de atividade precisarão ser devidamente analisados.
Caso os dados apontem para uma nova rodada de deterioração do crescimento, o
mercado poderá voltar a narrativa rapidamente para o crescimento do país e da
Ásia em geral.
Além disso, precisamos acompanhar os desdobramentos na Itália,
cujo o sistema bancário continua em situação precária, mesmo com as recentes
medidas adotadas no país.
Enquanto nenhum desses (ou de outros) problema se concretize, os
investidores continuam confortáveis com o cenário de baixo crescimento, mas sem
sinais claros de recessão ou crise. Assim, a busca por yield continua, se (e
quando) algum choque atinja a economia mundial.
No Brasil, o BRL apresentou um dia de depreciação, após a
atuação do BCB nos swaps reversos. O presidente do BCB também deu declarações
muito diferentes daquelas em suas primeiras aparições a frente da instituição.
Os sinais atuais são de que existe espaço para redução dos swaps. O BCB não irá
alterar a tendência da moeda e será apenas oportunista neste seu programa de
redução de swaps.
O mercado local de juros teve um dia de steepening, após o CMN
não alterar a meta de inflação para 2018. A decisão foi vista como abrindo
espaço para um BCB mais dovish. Eu descordo dessa interpretação. Acho que o BCB
será ortodoxo e buscará o centro da meta de inflação. Gosto de posições de
flatenning de curva nominal de juros e da parte longa da curva de juros reais.
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