Fed, Petróleo, Crédito no Brasil e BoJ.
O Fed seguiu à risca
o roteiro que descrevemos neste fórum nos últimos dias, mas a leitura do
mercado, até o momento, ficou divergente do que esperávamos:
Acredito que o FOMC irá
fazer um “market-to-market” em
seu comunicado em relação a situação econômica do país. Os riscos externos
parecem menores do que na última reunião, mas ainda estão presentes. A inflação
continua baixa, mas dentro do cenário esperado de elevação gradual. O
crescimento se mostra em velocidade de cruzeiro, em uma tendência de 1,5%-2,0%,
com flutuações em torno deste nível, mas sem sinais de recessão. O mercado de
trabalho mostra-se robusto. Finalmente, as condições financeiras apresentaram
forte afrouxamento, com uma queda do dólar, fechamento de taxa de juros e alta
das bolsas. Acredito que o Fed não irá se amarrar a uma alta de juros em
nenhuma reunião, pois o cenário ainda é muito incerto, mas a mensagem poderá
ser percebida como mais hawkish
do que o esperado pelo mercado.
O FOMC promoveu
mudanças pontuais no seu comunicado, na direção de mostrar uma redução dos
riscos de curto-prazo, um mercado de trabalho saudável e um consumo robusto. O
mercado leu, até agora, a reunião do FOMC como um risco de curto-prazo sendo
retirado do cenário.
Acredito que uma alta de juros em setembro teve sua
probabilidade elevada para algo em torno de 30% a 40%, o que deveria dar algum
suporte ao USD, especialmente contra G10. Por ora, não estamos observando este
movimento. Vejo o Fed (por si só) como neutro para o cenário de bolsa,
commodities e mercados emergentes.
A dinâmica do petróleo
começa a mostrar sinais mais preocupantes, com o quadro técnico confirmando uma
nova tendência de queda. Os metais básicos começam a seguir a direção do
petróleo, mas ainda sem gerar contágio para os demais ativos de risco. Os problemas
parecem muito pontuais e específicos.
No Brasil, os ativos
locais continuam mostrando uma dinâmica de acomodação, na ausência de grandes triggers locais e externos. O destaque
do dia ficou por conta dos dados de crédito, onde vimos os primeiros sinais,
ainda que incipientes, de melhora das condições financeiras. Ainda é cedo para
afirmar que os números de apenas um mês ditarão uma trajetória de recuperação do
mercado de crédito, mas sem dúvida é mais um passo na direção de recuperação da
economia.
Uma respeitada consultoria privada externa soltou relatório hoje
defendendo a visão de que o BoJ não
deve anunciar medidas agressivas em sua reunião no Japão essa semana. Existe hoje uma expectativa elevada em torno de
medidas que podem ser adotadas pelo BoJ e pelo MoF, em conjunto, com o intuito
de dar suporte a economia e a inflação. Caso as medidas decepcionem o mercado,
vejo espaço para uma realização um pouco maior dos ativos de risco, já que
parece evidente a refuta dos principais bancos centrais em adotar medidas
adicionais de política monetária no curto-prazo. Os policy makers estão optando por uma postura reativa e não proativa
no tocante ao cenário de curto-prazo.
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