Bancos na Itália.

Após um estudo um pouco mais profundo sobre o problema nos bancos da Itália, eu cheguei a seguinte conclusão. O mercado e os governantes conhecem o problema e o seu tamanho (detalhes abaixo). Existe uma compreensão sóbria em torno da solução que precisa ser implementada. Também existe uma disposição política, por parte dos governantes italianos, em resolver definitivamente o problema. Contudo, existe um problema legal, e uma barreira política, dentro da União Europeia, para que uma solução definitiva seja colocada em prática.

Grosso modo, as leis em vigor hoje impõem o chamado “bail-in”, em que os bondholders e equity holders sejam a primeira linha de defesa no caso de uma necessidade de capitalização dos bancos. O problema, na Itália, é que grande parte dos bonds estão nas mãos de investidores “pessoas físicas”. Utilizar essa clausula poderia gerar uma perda grande para a economia, e uma insatisfação política elevada.

A solução, assim, seria uma tentativa de transpor essa lei na Europa, com o risco de “jogar por agua a baixo” a União Bancária.

A minha conclusão é que, talvez, os mercados tenham que “entrar em pânico” (ou já estejam “em pânico” se olharmos os preços das ações dos bancos na Europa) antes que soluções concretas sejam adotadas.

Abaixo, segue uma breve estimativa do tamanho do problema dos bancos italianos, cortesia do Deutsche Bank. Outras instituições chegam em valores muito próximos a esses:

While all European bank equity indices have suffered after the Brexit vote, Italian banks have been at the center of these concerns. Worries are being driven by the confluence of: (i) chronic weak growth, (ii) unresolved nonperforming loan (NPL) issues and (iii) potential political instability ahead of the October Senate referendum. The stock of gross NPLs for Italian banks reached about EUR 200bn, and the average market value of NPLs is currently just 20%of its nominal value – only half of the implied carry value. Our European colleagues estimate that the cost of taking an immediate action would be for banks to book EUR 43bn of additional provisions if NPLs were valued at current market prices. This would represent a capital hit of about EUR 28bn, or 1.7% of Italian GDP.

Similar declines in bank equity prices may not have a meaningful impact on credit dynamics during normal times, but they are likely to adversely impact credit growth when capital requirements are tightening and banks are struggling to raise capital organically. The collapse in equity prices reduces banks’ ability to raise capital externally. At the same time, extremely low and flat yield curves hinder banks’ ability to grow capital internally. And Brexit means that such an environment will persist for longer. It follows that sustaining lending growth in such circumstances becomes extremely challenging even before accounting for tighter regulation. Moreover, the new aggressive bail-in rules are another element reducing investors’ willingness to invest in banks. And the problem is exacerbated when capital requirements become more stringent in an uncertain economic period.


Market stress can hinder banks’ ability to provide credit, which, in turn, would adversely impact the euro area growth outlook. Employment prospects would worsen, potentially undermining political stability.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Daily News – Brasil: Para o Alto e Avante – Parte II

Juros Brasil

Daily News – Sobre Bancos Centrais e Juros.