China: Sinais ainda preocupam.

Os ativos de risco estão dando sinais incipientes de fadiga esta manhã. Destaque para um leve movimento de fortalecimento do dólar e para a queda no preço do petróleo. No final da tarde de ontem, um número de estoques do API apresentou um inesperado aumento na estocagem da commoditiy, trazendo pressão sobre os preços.

Dois eventos merecem destaque essa noite.

No Japão, um importante membro do governo negou que Bernanke tenha direcionado sua conversa com o Primeiro Ministro japonês para a adoção do que ficou conhecido como “Helicopter Money”. Segundo o Morgan Stanley: According to Chief Cabinet Secretary Yoshihide Suga, Bernanke told Abe at the July 12 meeting that Japan should continue with monetary easing coordinated with fiscal policy measures to raise nominal GDP and that the Bank of Japan still had the instruments to further ease monetary policy. Suga also said, however, that he was unaware of any specific mentions of helicopter money being made at the meeting.

Na China, os dados de balança comercial mostraram um cenário ainda extremamente desafiador para o crescimento do país. As importações de junho caíram de -0,4% YoY para -8,4% YoY, abaixo das expectativas de -6,2% YoY. As exportações passaram de -4,1% YoY para -4,8% YoY, praticamente dentro das expectativas. Os números mostram uma economia fragilizada, sem nenhum sinal de estabilização. Para piorar a situação, vale lembrar que o país adotou uma série de medidas de estímulo econômico nos últimos meses, primeiro focado no mercado de crédito e, agora, promovendo uma gradual depreciação de sua moeda, mas mesmo assim o crescimento não dá sinais de recuperação.  O crescimento do país continua a ser um dos principais riscos para a economia global no curto-prazo.

Além desses eventos pontuais, mas não menos importantes, o mercado ainda precisa digerir a ausência de uma solução para os bancos na Itália, os efeitos primários (menor crescimento) e secundários (CRE Market, Fundos Imobiliários e etc ) do Brexit e um processo de depreciação da moeda da China.

No Brasil, os ativos locais estão basicamente seguindo o humor global a risco nos últimos dias. As vendas no varejo de maio, divulgadas ontem, ficaram muito abaixo das expectativas, mostrando um quadro de crescimento ainda cambaleante. Segundo nosso time de economistas: A PMC veio abaixo do esperado (varejo restrito: -1,0%m/m dessaz vs. BBG:+0,4%m/m dessaz e varejo ampliado: -0,4%m/m dessaz vs. BBG: +1,3%m/m dessaz)  e confirmou o risco baixista que estávamos vislumbrando; As médias móveis trimestrais continuam rodando em patamar negativo. As vendas no varejo devem continuar refletindo a fraqueza no mercado de trabalho e as condições apertadas no mercado de crédito; Ao longo dos próximos meses, devemos ver a indústria obtendo desempenho mais favorável que varejo; A nossa proxy mensal de consumo apresentou queda de -5,4%a/a; Por enquanto, mantemos a nossa projeção de queda de -4%a/a no PIB do segundo trimestre de 2016. Para o ano, estamos projetando queda de -3,6%.

No meu cenário base para o país, o Governo Temer terá que “andar em corda bamba”, em termos políticos, até que o impeachment seja aprovado. Após uma definição sobre este tema, será necessário adotar uma postura muito mais agressiva, dura e austera no tocante ao ajuste econômico. Ainda vejo disposição e capital político para que este cenário seja realizado. Acho natural, contudo, que hajam ruídos ao longo do processo.

Nos atuais níveis de preço, vejo pouco ganho de capital no BRL, preferindo posições de opção que visem um mercado de “range”. Meu cenário central trabalha com o BCB iniciando um corte de juros apenas no final deste ano ou inicio de 2017, mas isso será totalmente condicionante ao cenário de inflação para os próximos meses. Com a curva de juros nominais embutindo quedas relevantes de taxa Selic no curto-prazo, estou favorecendo as partes mais longas da curva nominal e, principalmente, real de juros. As inflações implícitas cederam bastante e me parecem em patamar mais razoável neste momento. No mercado de renda variável, os fluxos de curto-prazo estão favorecendo empresas e setores mais alavancados financeiramente (e alavancados em uma recuperação do país). Acho que existe limite devaluation para estes movimentos que, ao longo do tempo, devem se tornar mais racionais.

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