Update
Muita coisa aconteceu nas últimas 48 horas, tornando válido uma
breve revisão do cenário de curto-prazo.
Brasil – Como era amplamente esperado, o BCB
manteve a taxa Selic estável. O Copom promoveu alterações relevantes em seu
comunicado, optando por uma diretriz mais clara e transparente. A mensagem do
comunicado foi de que ainda não existe espaço para o início de um ciclo de
queda de juros. O BCB, contudo, sinalizou quais seriam os vetores necessário
para que este ciclo tenha início. O Copom
precisa observa um recuo adicional das expectativas de inflação de seus modelos
para níveis mais próximos do centro da meta de inflação, assim como o avanço do
programa de ajuste fiscal. Olhando de hoje, é difícil afirmar quando essas
condições serão atingidas. Por hora, mantenho minha visão de este processo deve
começar no quarto trimestre deste ano. Se precisar fazer uma escolha, contudo,
acredito que o BCB irá optar por adiar o ciclo de queda de juros, para ganhar
credibilidade, para então, poder promover um ciclo até superior as
expectativas.
O IPCA-15 e3 julho ficou acima das expectativas do mercado, com
alta de 0,54% MoM e 8,93% YoY. A despeito da surpresa negativa, a abertura
mostrou um quadro qualitativo relativamente positivo, indicando que o processo
de arrefecimento da inflação ainda está em curso.
O Tesouro anunciou uma emissão externa de um papel para 2047. A
estratégia é de “fazer um preço na curva soberana” para facilitar a captação
mais longa do setor corporativo. No âmbito interno, o Tesouro vem fazendo
leilões agressivo de papéis.
Os ativos locais estão apresentando um movimento de realização
de lucros, que julgo ser natural e saudável nos atuais níveis. A posição
técnica de curto-prazo parece menos positiva, e estamos em um ambiente onde
pode faltar “trigger” para um movimento adicional. Isto em nada muda o cenário
prospectivo positivo para o país.
Externo – Após o BoE não anunciar medidas adicionais
de suporte a economia, hoje foi a vez do ECB deixar passar sua oportunidade. O
discurso de ambos ainda é na direção de que estão aptos, dispostos e alertas
para adotar medidas caso necessário, mas ainda não veem cenário para isso. Nos
EUA, diante dos dados recentes da economia, e do forte afrouxamento das
condições monetárias no país (queda do dólar, fechamento de taxa de juros, alta
das bolsas) me parece que o Fed pode retomar o processo de alta de juros mais
cedo do que tarde. Assim, o peso de medidas adicionais, no curto-prazo, irá
recair sobre o BoJ, no Japão, na semana que vem. Todas as atenções estarão
voltadas para esta reunião.
Após o Brexit, os ativos de risco apresentaram forte
recuperação, na expectativa de que o impacto seria limitado, e os BC´s iriam
agir com o intuito de dar suporte ao crescimento global. Ainda me parece cedo
para afirmar qual o impacto do Brexit sobre o crescimento global. Os
indicadores de confiança da Europa em geral apresentaram forte recuou, mas são
dados pontuais, que precisam ser corroborados (ou não) pelo “hard data”. Em relação
aos bancos centrais, não parece que estão com o intuito de adotar novas
medidas, pelo menos na ausência de uma piora mais clara da situação econômica e
financeira do mundo. Me parece que estão “guardando munição”, optando por serem
mais reativos do que proativos.
Na China, o PBoC está evitando que o CNY supere o patamar de
6,7. Algumas indicações recentes, contudo, mostram que o fluxo de saída de recurso
do país foi elevado em junho, ao contrário do que os números das reservas internacionais
mostraram. A situação do país é fluida, mas ainda delicada.
Net/net, não podemos
descartar uma realização de lucros no curto-prazo. O mercado parece
tecnicamente esticado, a posição técnica piorou e os eventos recentes não estão
corroborando com as expectativas do mercado. Contudo, ainda não vejo esses
vetores como suficientes para alterar o cenário central. Por isso, neste momento,
vejo apenas espaço para correções pontuais. Os próximos eventos precisam ser
analisados a luz dessas questões.
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