All eyes on the BoJ!
A quinta-feira foi marcada por uma série de questões pontuais, afetando
a dinâmica dos ativos de risco de forma particular. O próximo grande evento da
semana será a reunião do BoJ no Japão essa noite. Reforço o que tenho
escrito neste fórum nos últimos dias:
Existe hoje uma
expectativa elevada em torno de medidas que podem ser adotadas pelo BoJ e pelo
MoF, em conjunto, com o intuito de dar suporte a economia e a inflação. Caso as
medidas decepcionem o mercado, vejo espaço para uma realização de lucros um
pouco maior dos ativos de risco, já que parece evidente a refuta dos principais
bancos centrais do mundo desenvolvido em adotar medidas adicionais de política
monetária no curto-prazo. Os policy makers estão optando por uma postura reativa, e não proativa, no
tocante ao cenário de curto-prazo.
O mercado já espera um pacote bastante robusto e agressivo de medidas. Devemos observar mais uma rodada de estímulos fiscais e
monetários no Japão, de forma relativamente coordenada. Contudo, tenho receio
de que o mercado esteja subestimando o tamanho dos estímulos e a capacidade
destes em reverter o quadro econômico do país. As expectativas já são elevadas
e os policy makers locais terão que se esforçar para supera-las. Medidas agressivas podem elevar as esperanças do mercado
na mudança de postura por parte dos policy makers globais, com maior foco nas
reformas estruturais e nos estímulos fiscais.
Brasil – O dia foi de realização de lucros para
os ativos locais, mesmo após a divulgação de um número fiscal muito melhor do
que as expectativas para o mês de junho (déficit de R$8,8b contra déficit
esperado de R$15,5b). Acredito que o movimento seja explicado por uma conjunção
de fatores. Entre eles: resultado trimestral ruim do Bradesco; avanço da
Operação Zelotes sobre o Bradesco, com implicações para outros bancos e setores
da bolsa; posição técnica ruim; postura hawkish
do BCB – que está ajudando a colocar pressão na parte curta da curva de juros e
favorecer um movimento de flattening
da curva; ausência de avanço na agenda fiscal do governo, aliada a ruídos em
torno de algumas medidas (timing para a votação do Teto de Gastos, possível
alteração da Lei de Repatriação); e etc.
Na minha visão, estes são movimentos pontuais, que devem ser
vistos como realizações de lucros normais no processo de ajuste. Como afirmei
aqui no final da semana passada: Acredito que, neste momento, precisamos
diferenciar entre o cenário de curto-prazo, e o cenário estrutural para o país.
Em termos estruturais, acredito em um cenário ainda bastante positivo para o
país. No curto-prazo, acredito que a posição técnica, o nível de preços, o
cenário externo e a falta de “momento” podem favorecer um período de acomodação
de preços. A equipe formada por Michel Temer é competente. Conhece os
instrumentos e as medidas que precisam ser implementadas, mas estão pecando no
curto-prazo em questões pontuais. Acredito que, passado o impeachment, as
medidas necessárias serão colocadas em prática. Caso isso não ocorra, o cenário
positivo deverá ser reavaliado.
Petróleo - A dinâmica do petróleo começa a mostrar
sinais mais preocupantes, com o quadro técnico confirmando uma nova tendência
de queda. O movimento ainda não gerou contágio para outras classes de ativos,
como no começo do ano (foco para o mercado de crédito norte americano). Caso a
tendência de queda se acelere, contudo, acho difícil que o mercado continue a
ignorar o movimento.
Bancos Europeus – Comentei sobre este tema na manhã de
hoje, concluindo que: Acredito que
existam os instrumentos (e a disposição política) necessários para que uma
solução seja colocada em prática. Contudo, precisamos lembrar que o timing dos policy makers costuma ser diferente do timing dos
mercados financeiros. Assim, as ações políticas tendem a ser mais reativas do
que proativas. As soluções são encontradas após todas as outras opções serem
esgotadas. Podemos passar por uma nova rodada de pressão sobre as ações de
bancos na Europa, antes que o “pânico” atinja a classe política. Todas as atenções estarão voltadas para
o stress test que será divulgado amanhã.
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