Copom, Fed e BoJ.
Os ativos de risco estão em consolidação, à espera do próximo
grande movimento. As reuniões do Fed, amanhã, e do BoJ, na sexta-feira, serão
eventos capazes de alterar a calmaria dos mercados financeiros globais.
Brasil – A Ata do Copom confirmou o tom mais duro
do comunicado, adicionando alguns sinais que ajudam a prever qual será a
postura do BCB de agora em diante. Adotando um estilo muito parecido ao já
amplamente utilizado pelo Fed, nos EUA, o comunicado afirmou que: O Comitê deve procurar conduzir a política
monetária de modo que suas projeções de inflação, inclusive no cenário de
mercado, apontem inflação na meta nos horizontes relevantes.
Como tenho afirmado neste fórum desde a nomeação deste novo
banco central, acredito que eles adotaram uma postura ortodoxa clássica, se
guiando pelos modelos econômicos e utilizando a comunicação como instrumental
de apoio no combate as expectativas de inflação.
Reforço minha visão descrita aqui na tarde de ontem: A mensagem do BCB tem sido de que não há
espaço para queda de taxa de juros no curto-prazo. Acredito que o BCB possa
iniciar o ciclo mais tarde, afim de ganhar credibilidade, e ancorar as
expectativas de inflação. Após iniciado o ciclo, contudo, deverá haver espaço
para um ciclo superior a 250bps de queda da taxa Selic. No curto-prazo,
contudo, precisamos ter sinais concretos do recuo da inflação corrente, e tomar
cuidado com uma posição técnica um pouco carregada pelos locais no mercado de
juros.
A conta corrente do país apresentou um déficit de US$2,5b em
junho, superior às expectativas. A surpresa ficou por conta das remessas de
lucros e dividendos. Por outro lado, começamos a ver sinais mais positivos para
os ativos locais, com aumento de demanda por renda fixa e ativos de bolsa. O
número não altera um cenário relativamente tranquilo para as contas externas do
país. Vale atentarmos, contudo, que a rápida e acentuada melhora da conta
corrente foi liderada por uma grande depreciação cambial e por uma demanda
doméstica fraca. A apreciação do câmbio, aliada a recuperação da economia,
podem frear, pelo menos em parte, este movimento. Contudo, devemos ver uma
demanda crescente por investimentos no país, via IED e fluxos na conta capital.
EUA – O Consumer Confidence de julho ficou
acima das expectativas do mercado, com um qualitativo também saudável. O New
Home Sales apresentou alta superior ao esperado em junho, atingindo um novo
pico para este ciclo econômico.
O próximo foco para a economia americana será a reunião do Fed
amanhã. Acredito que o FOMC irá fazer um “market-to-market” em seu comunicado em
relação a situação econômica do país. Os riscos externos parecem menores do que
na última reunião, mas ainda estão presentes. A inflação continua baixa, mas
dentro do cenário esperado de elevação gradual. O crescimento se mostra em
velocidade de cruzeiro, em uma tendência de 1,5%-2,0%, com flutuações em torno
deste nível, mas sem sinais de recessão. O mercado de trabalho mostra-se
robusto. Finalmente, as condições financeiras apresentaram forte afrouxamento,
com uma queda do dólar, fechamento de taxa de juros e alta das bolsas. Acredito
que o Fed não irá se amarrar a uma alta de juros em nenhuma reunião, pois o
cenário ainda é muito incerto, mas a mensagem poderá ser percebida como mais hawkish
do que o esperado pelo mercado. O cenário mais hawkish seria alguma indicação de que
ainda sejam possíveis duas altas de juros este ano. O mercado precifica probabilidade
de cerca de 50% de uma alta de 25bps este ano.
Japão - O Nikkei – que costuma acertar nos vazamentos das
medidas no Japão – acabou de ventilar o que deve ser feito essa semana.
Aparentemente, as medidas estão aquém do esperado. O mercado já espera um
pacote bastante robusto e agressivo de medidas. Devemos observar mais uma rodada de estímulos fiscais e monetários no
Japão, de forma relativamente coordenada. Contudo, tenho receio de que o
mercado esteja subestimando o tamanho dos estímulos e a capacidade destes em
reverter o quadro econômico do país. As expectativas já são elevadas e os policy makers locais terão que se esforçar para
supera-las.
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