Carry On!

Eu tenho que reconhecer que a reação dos mercados aos eventos recentes está em direção quase que totalmente oposta a minha expectativa. A decisão do BoJ no Japão (já comentado neste fórum pela manhã) foi capaz apenas de afetar a dinâmica do JPY, sem levar contágio ao resto do mundo.

Nos EUA, o PIB do 2Q apresentou alta de 1,2% QoQ Anualizado, muito abaixo das expectativas de 2,5%, e após uma revisão para baixo do primeiro trimestre, de 1,1% para 0,8%, na mesma base de comparação.

A leitura do mercado tem sido bastante clara. Enquanto o mundo apresentar crescimento baixo, porém sem riscos aparentes de recessão, existe a expectativa de que os Bancos Centrais no mundo desenvolvido permanecerão expansionista, dando espaço para a busca por ativos de risco.

Eu concordo que estamos no meio de um cenário mais favorável para ativos de carry/yield. Nos últimos dias, passamos apenas por um período de acomodação/realização de lucros, que parece encerrada após os dados de hoje. Contudo, não esperava que um crescimento tão baixo do mundo desenvolvido fosse gerar um movimento total e coordenado de apreciação dos ativos de risco, incluindo bolsas e commodities, além dos ativos que classifico como “carry/yield”, como EM e bonds.

Me preocupa o fato do mercado manter este tipo de postura, diante dos riscos crescentes de um período mais prolongado de crescimento baixo, com o poder cada vez menos potente da política monetária no mundo desenvolvido.

Por ora, devemos respeitar a dinâmica dos mercados, e procurar entender quando (e se) o mercado começará a ver o baixo crescimento do mundo com maior preocupação. Enquanto isso, acredito que seja válido favorecer ativos de carrego, que apresentem fundamentos positivos e/ou um nível de yield que justifique o investimento. Dentro dessa classificação, o Brasil ainda se mostra como um dos destaques no mundo, mesmo diante dos ruídos pontuais que temos observado nos últimos dias em relação ao processo de ajuste econômico.

Brasil – Respeitando a ptax de final de mês, o BCB não promoveu swap cambial nesta sexta-feira. Pela dinâmica do mercado de câmbio, tenho a impressão que houve uma pressão para uma ptax para baixo (BRL mais apreciado).

No mercado de renda variável, vimos alguns movimentos relevantes na cadeia de óleo e gás, com a venda da fatia da Petrobras em Carcará para a Statoil. O movimento libera recursos para a Petro, mostrando que o plano de reestruturação da empresa continua a todo vapor. A venda confirma a tese de que o governo tem conseguido avanços significativos no campo microeconômico.

A taxa de desemprego apresentou alta em junho, mostrando um mercado de trabalho ainda frágil. Está tendência deve continuar nos próximos meses. Segundo nossa área econômica: A PNAD corrobora um cenário de composição de crescimento no qual o consumo ainda sofrerá as consequências de um mercado de trabalho ainda em deterioração. Além disso, o fraco rendimento sugere a continuidade da desaceleração da inflação de serviços.

O resultado fiscal do governo público consolidado ficou acima das expectativas, refletindo o número positivo do governo central divulgado ontem. A surpresa positiva foi pontual e não deve ser repetida no curto-prazo. O governo precisa ainda avançar de forma significante na sua agenda econômica para colocar o país de volta aos trilhos.


O lado positivo da equação no Brasil continua por conta dos indicadores de confiança, que apresentam recuperação relevante nos últimos meses.

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