Reflation!?

Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, ainda digerindo o comunicado do G20 ao longo do final de semana (já comentado neste fórum na manhã de ontem). O destaque da noite ficou por conta de mais uma rodada de depreciação da moeda da China (CNY), com o fixing cerca de 0,30% mais depreciado em relação ao dia anterior. Passado a reunião do G20, e diante dos enormes desafios ainda presentes para a economia do país, é natural supor que a moeda mantenha um viés de depreciação.

Achei bastante pertinente o comentário do Morgan Stanley em relação ao cenário para a China e para os mercados globais esta manhã, que vai muito em linha com o que tenho comentado neste fórum ao longo das últimas semanas:

Reflating China: When PBOC Governor Zhou Xiaochuan described the Chinese yuan trading stable against a basket of currencies suggesting that "the market has more confidence in the yuan" then it did not sound like China intended to change any of its policy allowing the yuan to decline by just under 7% in the last year. China’s fixed asset investmenthas slowed to 9.6% during the first half of this year, representing its slowest expansion rate for 16 years. China is putting reflation measures actively in place. Overnight it was the National Development and Reform Commission stating that downward pressure on fixed asset investment has been heavy, suggesting the government implementing a proactive fiscal policy, expanding aggregate demand and stepping up efforts to improve weak sectors of the economy in order to boost investment and let it play a bigger role in stabilising economic growth. For now investors will likely view China considering more stimulus as a positive, putting this statement into context of the G20 communique promising to increase coordination of expansionary policy measures and restraining from "competitive devaluation". Investors are willing to ignore that the latest round of fiscal expansion, notably in China, did not show desired effects. Too high debt levels have reduced the multiplying effects of fiscal measures. Hence, the hope of fiscal expansion putting the global economy on a better economic footing is likely to prove premature, but for now markets seem keen to be trading on this hope.

Meu receio no curto-prazo é que o mercado venha a se ajustar para um cenário de "reflation", com a probabilidade do Fed/FOMC surpreender o mercado com um discurso percebido como mais hawkish do que as expectativas, e os investidores elevando suas expectativas em torno da atuação da política fiscal em detrimento a política monetária ao redor do mundo. Não acredito que este seja o cenário central, mas um risco crescente. Com o mercado posicionado em ativos de carry/yield, este cenário poderia gerar um movimento não desprezível, porém pontual, de realização de lucros nessas classes de ativos

Na Alemanha, o IFO recuou apenas marginalmente em julho, saindo de 108,7 para 108,3 pontos, acima das expectativas do mercado. O número reforça o que os PMIs já haviam demonstrado, ou seja, que a Europa com um todo, por hora, está conseguindo lidar de formar bastante fluida em relação ao Brexit. Não há sinais, ainda, de um impacto mais acentuado do evento na economia da região.

No Brasil, destaque apenas para uma entrevista de Mereilles, em que o Ministro da Fazenda afirma que na ausência do Teto de Gastos um aumento de impostos seria inevitável. Um artigo no Valor afirma que os gestores voltaram a apostar na valorização do Real em relação ao dólar norte americano.

Acredito que, neste momento, precisamos diferenciar entre o cenário de curto-prazo, e o cenário estrutural para o país. Em termos estruturais, acredito em um cenário ainda bastante positivo para o país. No curto-prazo, acredito que a posição técnica, o nível de preços, o cenário externo e a falta de “momento” podem favorecer um período de acomodação de preços. A equipe formada por Michel Temer é competente. Conhece os instrumentos e as medidas que precisam ser implementadas, mas estão pecando no curto-prazo em questões pontuais. Acredito que, passado o impeachment, as medidas necessárias serão colocadas em prática.

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