Eleições na Austrália & Bancos Centrais.

Devido ao ferido de 4 de Julho nos EUA, o fluxo de notícias do final de semana acabou sendo reduzido. O destaque ficou por conta das eleições parlamentares na Austrália. O resultado das eleições acabou sendo inconclusivo. A contagem de votos ainda demandará algum tempo, mas o resultado preliminar, ao contrário do que as pesquisas apontavam, indica um parlamento mais fragmentado do que o anterior (e do que o previsto). As eleições devem trazer um período de relativa incerteza política ao país, com alguns impactos sobre o crescimento. Segundo a Goldman Sachs:

So far, the major implication from the election relates to how a period of political uncertainty/instability may undermine confidence, growth, efforts at budget repair, Australia’s credit rating and interest rates. While the final outcome of the weekend’s election is still uncertain, it has reinforced our expectation that Australia’s sovereign AAA credit rating (stable) will be placed on a “negative watch” over the coming months. Earlier analysis by Standard & Poor's identified “continued parliamentary gridlock on the Budget” as a catalyst for a ratings downgrade – and given developments over the past year culminating on Saturday, this condition is satisfied in our view (for further details, see here and here). There appears insufficient appetite in the electorate for budget repair, relatively little consensus on the path forward, and fiscal slippage is ongoing. A ratings warning might also be expected to place additional pressure on Australia’s banks – and particularly given the now increased risk of a Royal Commission and restrictions to the favorable taxation of Australian housing.  

No Brasil, os jornais também trouxeram poucas novidades. Existem rumores de novas delações premiadas. A Operação Lava-Jato está focada, neste momento, no “núcleo do PMDB”, e desmembramentos da Operação começam a surgir em outras frentes, fora do Petrolão. Alguns colunistas políticos falam em uma possível delação envolvendo membros do judiciário, em especial ministros do STJ e STF. Por hora, não vejo estes eventos como limitantes ao ajuste econômico em curso, mas sem duvida a Operação Lava-Jato, e seus desdobramentos, continuam a ser o grande risco para o atual governo (ainda interino).

A semana será importante pelas reuniões de importantes bancos centrais em países desenvolvidos. Após o Brexit, existem sinais de que os principais BCs ao redor do mundo estão não apenas preparados, mas dispostos a adotar medidas adicionais de estímulo econômico. O objetivo seria de evitar flutuações maiores no crescimento e no preço dos ativos de risco (já que estes implicariam em um indesejado aperto das condições financeiras).

Como tenho afirmado neste fórum, eu sou cético que essas medidas, na atual conjuntura, serão capazes de dar um suporte de longo-prazo ao crescimento e ao preço dos ativos de risco. Os efeitos positivos me parecem apresentar impacto muito curto e pouco acentuado, com custos crescentes.

Por hora, os últimos indicadores de crescimento mostram um mundo com crescimento baixo porém estável, o que ajudou a dar suporte aos ativos de risco. Vale lembrar, contudo, que ainda não sabemos os reais efeitos do Brexit sobre o crescimento. Os sinais emitidos pelos PMIs da China, em especial, me preocupam.

O cenário de curto-prazo continua a ser de crescimento baixo, mas sem um risco evidente de recessão. O choque do Brexit, até o momento, se mostrou pequeno e de baixo impacto, o que trouxe conforto aos investidores para manter uma postura de busca por yields. O curto-prazo deve manter estas tendências, até que este cenário seja testado por algum choque adicional. Os preços dos ativos de risco começam a mostrarem valuations menos atrativos e a posição técnica vem se tornando menos positiva a medida que o tempo passa.

Não vejo nenhum motivo para pânico e o cenário base continua a ser pela busca por yields, mas precisamos manter uma atenção especial a choques adicionais, valuations e posição técnica.

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