Posição Técnica & Juros Globais.
A dinâmica dos mercados financeiros globais voltou a ser cruel
para os investidores, mostrando mais movimentos extremamente técnicos ao longo
dos últimos dias.
Pelas evidencias concretas que temos, o mercado migrou para
posições de carry/yield nas últimas semanas. Posições Short GBP, Long JPY e
aplicados em juros ao redor do mundo. Os eventos no Japão alteraram, de certa
forma, a dinâmica para os ativos de risco. Como comentei ontem:
A alteração dos estímulos
econômicos da política monetária, cada vez menos eficaz, para a política
fiscal, a última esperança para um momento mais positivo de crescimento,
deveria ser positiva para o USD no mundo, já que coloca o Fed
de volta ao foco no cenário interno. A medida deveria ser negativa para
os bonds dos
países desenvolvidos, por teoricamente gerar mais crescimento sem a necessidade
de mais QE ou juros negativos. Para os mercados emergentes e de equity, o ambiente fica menos
óbvio. Por um lado, a melhora na perspectiva de crescimento retira um risco de
cauda relevante para o cenário. Por outro lado, a menor intervenção dos BC´s
nos mercados financeiros globais poderia gerar uma abertura de taxas de juros
no mundo desenvolvido, em um ambiente de posição técnica ruim e taxas muito
comprimidas. De maneira geral, no curto-prazo, a resultante deve ser lida
como positiva. Todavia, precisamos ficar atentos para qualquer interpretação
diferente desta nos próximos dias.
Nas últimas horas, a trajetória de enfraquecimento do dólar
continua, puxada por um movimento global de busca por ativos de risco. O bom
desempenho das bolsas ainda é o destaque positivo deste movimento. Na minha
visão, o primeiro movimento faz sentido apenas até o momento em que o Fed
alterar sua sinalização em torno da política monetária. O afrouxamento das
condições financeiras nos últimos dias, em um ambiente de crescimento estável,
podem alterar a postura do Fed, em meio a um curva de juros nos EUA que
precifica menos de 1 alta de juros até 2017. O segundo movimento, de alta das
bolsas, acaba sendo de explicação mais fácil (pela redução dos riscos de
cauda), mas menos trivial nos atuais níveis de preço e diante da possibilidade
de uma alta nas taxas de juros.
Contudo, os bonds dos
países desenvolvidos apresentam forte abertura de taxas, acentuado após o
leilão de papéis de 10 anos nos EUA, cujo o resultado apresentou baixa demanda.
No Brasil, os ativos locais estão, basicamente, seguindo os
movimentos globais.
Minha maior preocupação, neste momento, fica por conta da
posição técnica do mercado. Os Hedge Funds Macro Globais já não vinham
apresentando um bom desempenho após o primeiro semestre do ano. Os movimentos
recentes acentuam está tendência negativa de desempenho dos gestores. Este pano
de fundo pode vir a acentuar os movimentos de curto-prazo, tornando o cenário
um tanto quanto desafiador.
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