Brasil, G20, fed e BoJ.

A semana que se aproxima será bastante importante para os mercados financeiros globais. Vamos refletir sobre alguns temas:

Brasil – Acredito que, neste momento, precisamos diferenciar entre o cenário de curto-prazo, e o cenário estrutural para o país. Em termos estruturais, acredito em um cenário ainda bastante positivo para o país. No curto-prazo, acredito que a posição técnica, o nível de preços, o cenário externo e a falta de “momento” podem favorecer um período de acomodação de preços. A equipe formada por Michel Temer é competente. Conhece os instrumentos e as medidas que precisam ser implementadas, mas estão pecando no curto-prazo em questões pontuais. Acredito que, passado o impeachment, as medidas necessárias serão colocadas em prática.

No final da semana passada, vimos um movimento de realização de lucros no mercado de câmbio e juros. Vejo estes movimentos como naturais e saudáveis dentro de um processo gradual e prolongado de ajuste. Não vejo sinais de mudanças estruturais no cenário econômico que justifique uma mudança da tendência positiva do ativos locais, mas realizações de lucros pontuais e localizadas.

G20 – Segundo o Financial Times (vide abaixo) a China sinalizou que atualmente não tem capacidade de suportar o crescimento global por si só como, segundo eles, foram capazes de fazer após a crise de 2008. Os chineses estão apenas constatando um fato já amplamente observado nos dados econômicos. A China passa por um processo de desaceleração estrutural do crescimento, e o trabalho do governo tem sido apenas de suavizar este processo. Até o momento, não vi sinais de cooperação ou coordenação que alterem de forma significativa a ordem fiscal do mundo, como muitos têm vislumbrado recentemente.

Mr Lew was speaking after Chinese officials warned their international counterparts that they could not single-handedly rescue the global economy from a post-Brexit slowdown, as they did in the aftermath of the global financial crisis of 2008-09.
At that time, Beijing unleashed a Rmb4tn stimulus focused on infrastructure investment. As a result, the world’s second-largest economy accounted for more than half of all post-crisis global economic growth.
Lou Jiwei, Chinese finance minister, called on G20 members to instead embrace a “co-ordinated” response, adding that they should “make monetary policy more forward-looking and transparent while increasing the effectiveness of fiscal policy”.
Speaking in Beijing on the eve of the G20 meeting, Chinese premier Li Keqiang said that his country “could not shoulder the major responsibilities of the world economy” on its own.

Fed/FOMC – Acredito que o FOMC irá fazer um “market-to-market” em seu comunicado em relação a situação economia do país. Os riscos externos parecem menores do que na ultima reunião, mas ainda estão presente. A inflação continua baixa, mas dentro do cenário esperado de elevação gradual. O crescimento se mostra em velocidade de cruzeiro, em uma tendência de 1,5%-2,0%, com flutuações em torno deste nível, mas sem sinais de recessão. O mercado de trabalho mostra-se robusto. Finalmente, as condições financeiras apresentaram forte afrouxamento, com uma queda do dólar, fechamento de taxa de juros e alta das bolsas. Acredito que o Fed não irá se amarrar a uma alta de juros em nenhuma reunião, pois o cenário ainda é muito incerto, mas a mensagem poderá ser percebida como mais hawkish do que o esperado pelo mercado.


Japão/BoJ – Devemos observar mais uma rodada de estímulos fiscais e monetários no Japão, de forma relativamente coordenada. Contudo, tenho receio de que o mercado esteja subestimando o tamanho dos estímulos e a capacidade destes em reverter o quadro econômico do país. As expectativas já são elevadas e os policy makers locais terão que se esforçar para supera-las.

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