All eyes on the BoJ.
Os ativos de risco estão operando próximos a estabilidade, após uma noite relativamente tranquila. A agenda do dia será esvaziada. Os próximos eventos relevantes para o cenário serão a reunião do G20, no final de semana, e a decisão do BoJ no Japão, na semana que vem.
No Brasil, os jornais estão dando destaque a delação premiada de João Santana, marqueteiro do PT nas últimas eleições presidenciais, e de sua esposa, Monica Moura. De acordo com a mídia, ambos deverão confessar que receberam dinheiro de “caixa 2” para as campanhas políticas a qual participaram. Resta a dúvida, contudo, ser as campanhas realizadas por eles no exterior levarão a alguma relação aos governos do PT. Não acredito que este tema altera o cenário base para a política local, exceto por consolidar um enfraquecimento de toda a sigla do PT.]
Uma matéria de hoje na Folha afirma que: O governo vai elevar o montante das despesas obrigatórias previstas para este ano no relatório de avaliação fiscal que será divulgado hoje, segundo apurou o Valor. Entre outros fatores, os gastos aumentarão em decorrência das medidas provisórias editadas pelo presidente Michel Temer abrindo créditos extraordinários ao Orçamento deste ano, que nas últimas semanas somaram R$ 5,2 bilhões. O governo deverá também reduzir sua previsão para a receita dos tributos federais neste ano. O resultado efetivo da arrecadação registrado no terceiro bimestre ficou bem abaixo da previsão que constava do decreto de programação orçamentária e financeira. Informações extraoficiais indicam que a queda foi superior a 5% em termos reais Para não ter que cortar despesas do Orçamento deste ano, diante desses dois fatores e da renegociação da dívida dos Estados, a equipe econômica vai reduzir bastante a chamada "reserva fiscal" de R$ 18,1 bilhões, estabelecida no decreto de programação financeira divulgado em junho. Esse espaço foi criado para acomodar "riscos fiscais", como a renegociação da dívida dos Estados (que na ocasião ainda não havia ocorrido), e era composto por fatores como receitas decorrentes da regularização de ativos no exterior.
O quadro fiscal ainda é preocupante. O governo deu passos concretos e positivos na direção do ajuste, mas ainda insuficientes para colocar a trajetória da dívida/PIB em níveis sustentáveis. Assim, é necessário, ainda, que após a aprovado o impeachment o governo interino adote uma postura mais dura e crível no tocante as contas públicas. Minha expectativa é que isso irá ocorrer. Caso contrário, poderemos voltar a uma espiral negativa para os ativos locais.
No Japão, crescem os rumores em torno do anuncio de um pacote fiscal agressivo a ser anunciado em conjunto com a decisão do BoJ na semana que vem. As expectativas estão ajudando a dar sustentação ao USDJPY e aos ativos de risco em geral.
Na Área do Euro, o Markit PMI Services saiu de 52,8 para 52,7 em julho, acima das expectativas de 52,3. O Markit Manufacturing, contudo, caiu de 52,8 para 51,9, abaixo das expectativas de 52,0. Os números mostram um arrefecimento do crescimento após o Brexit. A magnitude da queda ainda não preocupa, mas é um vetor que precisará ser analisado com bastante calma nas próximas semanas.
O fluxo semanal para ativos de risco continua positivo. Segundo a Merrill Lynch:
Pain Trade: record week of inflows to EM debt funds (Chart 1)…record week of redemptions from EU equity funds (Chart 2)…summer contrarian pain trade = long EU stocks, short EM debt.
Stampede into EM: record inflows to EM debt funds ($4.9bn); largest EM equity inflows in 12 months ($4.7bn)...investors furiously chasing carry in EM debt markets, capitulating into"weak $" winners (gold, EM debt & now EM equities).
The Big Pain Trade: = long Banks, short Bonds…note flow reversal…largest financials inflows since 2015 ($0.8bn)…largest outflows from Treasuries in 15 weeks ($1.4bn).
Big Pain Trade Catalysts: 1. strong US consumer/housing allowing Fed to hint it is not "one & done", 2. EU/ECB bank policy moves = Italy bank resolution, 3. >¥15-20tn Japan fiscal stimulus announcement with implicit BoJ helicopter.
Big Japan fiscal stimulus = +ve Nikkei: stocks rally 1 month ahead of fiscal announcement, pause after package announced, rally subsequent months; Japanese yen tends to strengthen; BofAML GWIM data show exodus from Japan ETF's (Chart 6).
Não podemos descartar uma realização de lucros dos mercados financeiros globais no curto-prazo. O mercado parece tecnicamente esticado, a posição técnica piorou e os eventos recentes não estão corroborando com as expectativas do mercado. Contudo, ainda não vejo esses vetores como suficientes para alterar o cenário central. Por isso, neste momento, vejo apenas espaço para correções pontuais. Os próximos eventos precisam ser analisados a luz dessas questões.
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