Trump Trades Getting Hit.

O dia foi marcado por mais uma rodada de realização de lucros de todas as posições que foram impulsionadas pela vitória de Trump nas eleições dos EUA. Os movimentos estão sendo ajudados por uma posição técnica ruim, pela perda de momento desta tese de investimentos e por declarações truncadas de Trump a respeito de alguns temas.

Acho difícil apontar até onde este movimento poderá chegar. Em termos econômicos, não vejo alterações significativas de cenário. Em relação aos mercados, sempre sou favorável a respeitar a dinâmica de curto-prazo, mas sem perder de vista o cenário que vejo com maior probabilidade.

A visão de um dólar mais forte no mundo, e de juros estruturalmente mais elevados nos EUA, sempre foi mais baseada no fechamento do hiato do produto dos EUA, em um ambiente de crescimento saudável, mercado de trabalho sólido e inflação gradualmente mais elevada, do que na atuação de Trump propriamente dita. As declarações de Trump, e a política econômica apresentada na campanha eleitoral, foram apenas um indutor para que o movimento de fortalecimento do dólar e a abertura das taxas de juros, fossem mais rápidas e acentuadas no final de 2016. Assim, me preocuparia mais com uma mudança de cenário econômico, do que com declarações pontuais de Trump a respeito de temas econômicos. De qualquer maneira, a dinâmica do mercado mostra uma posição técnica fragilizada, o que requer alguma atenção no curto-prazo.

No Brasil, as Notas do Copom trouxeram poucas novidades em relação ao comunicado após a decisão. Ainda vemos um cenário de juros estruturalmente mais baixos no país. Mantemos postura mais tática no BRL. Vemos espaço para novas alocações na bolsa local, mas sua alta será marcada por volatilidade e períodos de incerteza.

Segundo nossa área econômica:

A ata foi no news em relação ao comunicado pós-reunião. Dessa maneira, mantemos nosso ciclo atual de mais +3 quedas de 75bps, +2 quedas de 50bos e +1 queda de 25bps, levando a Selic a 9,5% (em outubro/17); A ata dá mais ideia de que houve antecipação do ciclo do que ampliação do orçamento. Entretanto, devemos mencionar que em relação ao RI, houve uma ligeira queda na Selic de mercado (de 9,75% para 9,63% em 2018 e de 10,5% para 10,25% em 2017) e mesmo assim as projeções de inflação ficaram melhores que as projeções do RI. Adicionalmente, o cenário de referência está projetando que o IPCA atinja 3,4% em 2018 (vs. 3,6% no RI): pode ser antecipação de ciclo para atingir a meta, mas não dá para excluir ampliação de ciclo por essa projeção. Numa regrinha simples de três para a sensibilidade do IPCA aos juros, estimada tempos atrás pelo BC em 30bps de IPCA para cada 100bps de Selic, teríamos adicionais 350bps de corte (devemos lembrar quer essas sensibilidades podem mudar com novas reestimações dos modelos); Reconhecimento do qualitativo melhor da inflação e da atividade mais fraca, assim como foi no comunicado; Explicação para o motivo de cair -75bps: “entanto, o Comitê avaliou que as condições para reduzir a taxa básica de juros para 13% já nesta reunião estavam presentes em função do processo de desinflação mais disseminada e atividade econômica aquém do esperado, em ambiente com expectativas de inflação ancoradas. Essa decisão contribuiria desde já para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que isso exigisse desvio em relação ao objetivo de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018. Os membros do Comitê julgaram, também, que essa decisão era compatível com sua comunicação, que favorece explicitar condicionalidades econômicas sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia as suas decisões”


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