Update.

Esta segunda-feira foi importante para entendermos um pouco o que parece (ou não) estar precificado pelo mercado em termos da política econômica apresentada por Trump. Os movimentos de hoje, ajudam a responder parte das questões que coloquei neste fórum no domingo (vide abaixo).

Os ativos de risco continuam reagindo, ou diria, digerindo, o que será a nova política econômica e externa dos EUA. Impressiona-me bastante como a maior parte dos investidores ainda espera que Trump vá adotar um tom mais conciliador como presidente, enquanto todas as suas falas, sinalizações e atos, apontam na direção de cumprir suas principais promessas de campanha.

Hoje, Trump assinou outra “executive order” retirando os EUA do TPP, e mostrando para o mundo (mas, principalmente, para parceiros comerciais relevantes, com o México, o Canadá e o NAFTA), que quando ele afirma que irá renegociar todos os acordos comerciais, ele está realmente preparando o terreno para isso.

Trump voltou a afirmar que irá impor uma grande “border tax” para os parceiros comerciais do país.

Pela primeira vez, em muito tempo, vimos alguns sinais de desconforto do mercado com essas sinalizações. O fechamento de taxa das Treasuries, e a  das bolsas locais, mostram que o mercado não está preparado, e pouco precifica, de uma política econômica e externa mais protecionista, com a possibilidade de um cenário de maior inflação, mas, talvez, sem maior crescimento no curto-prazo.

Algumas correlações ainda me intrigam, como a queda das bolsas não ser acompanhada por uma apreciação do dólar contra moedas EM (ou commodity currencies). Vejo um cenário protecionista como muito mais desafiador para muitos países emergentes. Acredito que essas quebras de correlação podem demorar, assim como o mercado não irá precificar, de uma hora para outra, o cenário de fechamento do hiato do produto dos EUA, e a necessidade de uma alta estrutural de juros no país. Todavia, estarei observando com atenção a possibilidade dessas quebras de correlação ocorrer nas próximas semanas.

Neste momento, a ausência de detalhes de muito do que tem sido dito por Trump acaba impedindo os mercados de entrarem em tendências mais concretas. A falta de detalhes de medidas para o crescimento, por exemplo, impedem uma alta mais sustentada das taxas de juros. Assim como a possibilidade de um “border tax”, que ainda está muito vaga, afeta o suporte ao dólar no mundo.

De modo geral, mantenho o cenário central inalterado. Contudo, ascende-se um sinal amarelo para a possibilidade de implementação de um protecionismo que, no limite, não será tão construtivo como o imaginado anteriormente.


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