Trump is Back!
Os ativos de risco
estão revertendo parte (em alguns casos grande parte) do movimento de
realização de lucros das posições mais dependentes da política econômica
apresentada por Trump em sua campanha.
No cenário econômico, nos
EUA, o Core CPI ficou dentro das
expectativas do mercado (0,2% MoM e 2,2% YoY). O número apenas reforça o
cenário de aumento gradual da inflação no país. A produção industrial
apresentou alta de 0,8% MoM, acima do esperado, mas após revisão baixista do
mês anterior, e muito concentrada no setor de “utilities”, que tende a ser
pontual.
Os números de hoje em
nada alteram o cenário de crescimento saudável, com flutuações em torno da
tendência. O mercado de trabalho se mostra robusto, muito próximo do pleno
emprego, o que tem dado sustentação a um movimento gradual de alta na inflação.
A política econômica
apresentada por Trump apenas atua de forma a acelerar o processo de fechamento
do hiato do produto nos EUA, em uma economia próxima ao pleno emprego, o que
deverá gerar mais crescimento, porém com maior inflação, favorecendo um
processo de elevação das taxas de juros.
Do ponto de vista
político, as últimas sinalizações de Trump e de membros de sua equipe mostram
que não houve nenhum recuo do novo governo em sua intenção de renegociar
acordos comerciais e, caso necessário, colocar em prática medidas que podem ser
vistas como protecionistas. Estas sinalizações ajudaram a dar sustentação aos “Trump
Trades” ao longo desta quarta-feira, com destaque para o USDMXN e USDCAD (este
último ajudado por declarações dovish
do BoC).
Reforço que a visão de um dólar mais forte no mundo,
e de juros estruturalmente mais elevados nos EUA, sempre foi mais baseada no
fechamento do hiato do produto dos EUA, em um ambiente de crescimento saudável,
mercado de trabalho sólido e inflação gradualmente mais elevada, do que na
atuação de Trump propriamente dita. As declarações de Trump, e a política
econômica apresentada na campanha eleitoral, foram apenas um indutor para que o
movimento de fortalecimento do dólar e a abertura das taxas de juros fossem
mais rápidas e acentuadas no final de 2016. Assim, me preocuparia mais com uma
mudança de cenário econômico, do que com declarações pontuais de Trump a
respeito de temas econômicos.
No Brasil, os ativos
locais parecem estar passando por um período de realização de lucros (câmbio e
juros) em um momento de poucas novidades locais. Continuo sem visão
estrutural/direcional para o BRL. Ainda vejo prêmios na curva de juros, em
especial nos FRAs da barriga da curva.
Contudo, acho válido mencionar que a performance do mercado
local de juros após o Copom tem sido frustrante. A curva curta abre taxa, e os
longos estão no mesmo nível da abertura do dia seguinte da reunião. Não vejo
isso como motivo para alterar a visão estrutural de juros mais baixos, mas um
sinal de alerta para eventuais realizações de lucros um pouco mais acentuadas,
porém pontuais e de curto-prazo, já que os investidores que aplicaram após o
Copom já estariam com preços médios acima dos níveis atuais.
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