Mercados Globais - Good trump vs Bad Trump.
Os ativos de risco
continuam ajustando suas expectativas para a administração de Donald Trump. Nos
últimos dias, criou-se um vácuo de notícias em relação ao que era visto como
uma plataforma positiva para a economia (corte de impostos, incentivos fiscais
e etc), ao mesmo tempo em que ficou mais evidente que as medidas vistas como
questionáveis (protecionismo, renegociação de acordos comerciais, construção de
um muro na fronteira do México, entre outros) seriam realmente implementadas.
Neste meio tempo, a
agenda econômica acabou não corroborando o otimismo dos investidores em relação
a economia dos EUA, o que acabou
ajudando o movimento de correção (dólar fraco, fechamento de taxas de juros e
queda das bolsas).
Hoje, nos EUA, o Employment Cost Index ficou
abaixo das expectativas do mercado no 4Q16 (0,5% QoQ vs 0,6% QoQ), mostrando poucas
pressões inflacionárias de salários. O Chicago PMI caiu de 54,6 para 50,3
pontos em janeiro, abaixo das expectativas de 55,0 em janeiro, enquanto o
Consumer Confidence saiu de 113,3 para 111,8 pontos, abaixo dos 112,8 esperados
pelo mercado.
Acredito que os números
de hoje (e nem mesmos os números dos últimos dias) mudam de forma significativa
o cenário para a economia dos EUA. Entendo que as declarações da nova
administração, e a posição técnica, esteja adicionando uma volatilidade
adicional a dinâmica dos mercados.
Continuo trabalhando
com um cenário de crescimento saudável (em torno de 2%), com flutuações em
torno desta tendência. Vejo a economia muita próxima ao pleno emprego, com um
hiato do produto fechado. Este ambiente deveria favorecer uma alta gradual da inflação.
Como tenho comentado
nas últimas semanas: No curto-prazo, o risco é uma
decepção do mercado em torno do crescimento do país. Por acreditar que os EUA se
encontram muito próximo do pleno emprego, as medidas sinalizadas por Trump poderiam
gera mais inflação, mas não necessariamente muito mais crescimento, um risco
que hoje parece estar sendo totalmente ignorado pelo mercado.
No Brasil, voltamos a observar alguma melhora nos indicadores de
confiança. Por ora, estou vendo esses sinais como “green shoots” que não podem ser ignorados e devem ser olhados como
positivos e com otimismo.
Nesta linha, os dados
do mercado de trabalho de dezembro mantiveram a tendência de aumento da taxa de
desemprego, mas começamos a observar alguns sinais mais animadores no que diz
respeito os rendimentos dos trabalhadores. O movimento ainda é incipiente, mas
pode marcar um ponto de inflexão importante para a economia.
Segundo nossa área
econômica:
Taxa de desemprego @ 12% (vs. BBG: 11,9%. A taxa de desemprego
subiu mais um pouco na margem e atingiu 13% em dezembro de 2016 (após ajuste
sazonal), de 12,6% em novembro. Parte da elevação da taxa de desemprego tem
sido devido ao aumento da taxa de participação. A taxa de ocupação/PIB caiu na
margem, contribuindo para a elevação do desemprego. Carteira assinada tem
perdido participação no total de empregados (sugerindo aumento da
informalidade). O rendimento nominal permanece subindo a taxas interanuais
robustas. Reflexo da desaceleração da inflação (em 12 meses), a massa salarial
real tem acelerado na margem (após ajuste sazonal), sugerindo estancamento da
queda do consumo mais à frente;
Na Europa, o calendário político parece estar voltando ao foco, com
ruídos nas primárias das eleições da França,
e com o retorno das negociações junto a Grécia.
No cenário econômico, o dia foi marcado por números mais robustos de PIB,
Inflação e menor desemprego, mostrando um ciclo econômico positivo na região
como um todo.
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