Relatório Semanal de Asset Allocation:

A primeira semana do novo ano foi de poucas novidades relevantes para o cenário econômico local e externo.

No Brasil, o destaque ficou por conta da produção industrial (PIM) de novembro, que apresentou alta de 0,2% m/m, muito abaixo das expectativas de 1,3% m/m. Ainda não há sinais concretos de estabilização do crescimento de forma consistente, a despeito de alguns números mais positivos de indicadores secundários.

A fraca PIM de novembro levou o mercado a apostas de uma queda superior de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom. A curva curta já precifica em torno quatro quedas de 60 pontos-base na Taxa Selic nas próximas quatro reuniões do Copom. Nossa visão permanece inalterada. Acreditamos que uma queda de 50 pontos-base na reunião de janeiro/17 seja coerente com os comunicados mais recentes do Banco Central. Além disso, se o nosso cenário econômico (de atividade mais fraca e inflação bem comportada) se configurar e a agenda fiscal de reforma da previdência caminhar satisfatoriamente, vislumbramos uma aceleração para queda de 75 pontos-base na segunda ou terceira reunião do ano.

Nos EUA, os dados de emprego de dezembro foram o destaque da semana. Os dados de emprego de dezembro, nos EUA, podem ser classificados como saudáveis. Observamos mais um mês de criação robusta de vagas de trabalho (156 mil vagas, com revisão altista de 17 mil vagas nos meses anteriores), uma taxa de desemprego baixa, de 4,7%, e um forte aumento nos rendimentos nominais (average hourly earnings), de 0,4% m/m.

Esses números corroboram, na nossa opinião, a continuidade do processo de alta de juros nos país. Acreditamos que as duas altas de 25 pontos-base precificadas nos Fed Fund Futures hoje para 2017 e um pouco menos de duas altas de 25 pontos-base em 2018, podem ser vistas como um piso para o ciclo efetivo que deverá ser implementado pelo Fed. Vale lembrar que as próprias expectativas do Banco Central dos EUA (FED) já estão acima deste patamar. Os números de hoje apenas reforçam a nossa visão de uma taxa de juros estruturalmente mais elevada nos EUA, que deverá dar suporte ao USD ao redor do mundo.

Na China, a semana foi marcada por um movimento, aparentemente técnico, de rápida e acentuada apreciação da moeda do país, o CNY. A China adotou uma postura mais proativa e agressiva, neste início de ano, na tentativa de evitar rodadas adicionais de depreciação de sua moeda. Com o mercado aparentemente com posições relevantes para o lado negativo (buscando a depreciação do CNY), os policy makers promoveram (induziram) uma rodada de encerramento de posições vendidas em CNY (o que é comumente conhecido como um “short squeeze”). Esta postura do governo favoreceu uma rápida e acentuada apreciação da moeda em uma janela relativamente curta (três dias). O movimento também ajudou outras moedas emergentes. Acreditamos que este movimento é pontual e temporário. Ainda vemos um cenário de necessidade de depreciação adicional da moeda do país.

Alocação/Estratégia:
Mantemos recomendações acima da média para o mercado local de juros, porém recomendações mais neutras para o mercado de câmbio e renda variável.

No mercado de juros, vemos espaço para um processo estrutural de queda de taxas no Brasil. Este processo, porém, não será linear, mas sim pontuado por momentos de incerteza e instabilidade. Diante do nosso cenário de inflação e crescimento, contudo, em um ambiente em que o ajuste fiscal avança no Congresso, ficamos confortáveis com esta recomendação.

No mercado de câmbio, a despeito de um cenário confortável para o balanço de pagamentos, trabalhamos com um cenário externo favorável ao dólar do mundo, o que deveria concentrar os ganhos na moeda brasileira em períodos curtos de tempo. Assim, optamos por manter postura tática e não buscar posições estruturais na moeda brasileira.

No mercado de renda variável, vemos espaço para o aumento dos fluxos para esta classe de ativos, à medida que a melhora dos fundamentos se consolide. Já vemos valor em alguns setores da bolsa local, mas entendemos que precisa haver uma melhora no humor dos investidores no tocante as perspectivas de crescimento do país.

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