China Short Squeeze / Brazil: Lower rates for longer...

Alguns temas específicos, aliados a posição técnica do mercado, parecem estar ditando o rumo dos ativos de risco neste início de ano.

Nos mercados externos, a China continua adotando uma postura mais proativa na tentativa de evitar rodadas adicionais de depreciação de sua moeda. Com o mercado aparentemente com posições relevantes para o lado negativo, o “short squeeze” que vem sendo promovido no país parece estar afetando de forma significativa o mercado de moedas ao redor do mundo.

Vejo o movimento de dólar fraco como um misto de posição técnica, aliado a postura dos police makers na China. Ainda vejo um movimento estrutural de fortalecimento do dólar no mundo. Contudo, costumo respeitar a dinâmica do mercado. Precisaremos de dados de emprego saudáveis amanhã nos EUA para a retomada da tendência de fortalecimento do dólar. Caso contrário, o ímpeto de dólar fraco poderá continuar no curto-prazo.

Na mesma linha do comentário acima, vale registrar que a Treasury de 10 anos falhou, novamente, em romper o patamar de 2,5%. A posições técnica neste ativo, em especial, parece excessivamente ruim (muito short), o que torna os dados de emprego nos EUA de suma importância para a dinâmica de curto-prazo. Ainda vejo um movimento estrutural de juros mais elevados nos EUA e no mundo desenvolvido, mas o curto-prazo poderá ser afetado pela posição técnica e pelos dados de emprego que serão divulgados amanhã.

Os dados divulgados hoje mostraram uma economia saudável, em linha com o cenário esperado pelo Fed. O ADP Employment apresentou criação de 153 mil postos de trabalho em dezembro, o Jobless Claims recuou de 263 mil para 235 mil e o ISM Non-Manufacturing ficou estável, em patamar elevado e acima das expectativas. Os dados de hoje ainda são coerentes com um processo de alta de juros mais acelerado do que aquele precificado pelo mercado atualmente.

O México, promoveu uma intervenção cambial, o que ajudou a acalmar o movimento de depreciação da moeda. Parece cedo para afirmar que será suficiente para inverter uma tendência de depreciação. Intervenções no câmbio costumam suavizar tendências, mas não reverte-las totalmente. Talvez, outros instrumentos (altas de juros?) deverão ser utilizados antes de uma estabilização definitiva da moeda.

No Brasil, o destaque do dia ficou para a produção industrial, que apresentou alta de 0,2% MoM em novembro, muito abaixo das expectativas de 1,3% MoM. Ainda não há sinais concretos de estabilização do crescimento de forma consistente, a despeito de alguns números mais positivos de indicadores secundários.

A fraca PIM de novembro levou o mercado a apostas de uma queda superior de 50bps na próxima reunião do Copom. A curva curta já precifica 4 quedas de 60bps nas próximas 4 reuniões do Copom. Minha visão segue a mesma. Vejo um movimento estrutural de juros mais baixos no Brasil, mas tenho receio de que se o BCB cair 50bps na próxima reunião, ele possa, mais uma vez, desagradar o mercado.

O BRL está seguindo o humor global a risco, mas contando com a ajuda de uma posição técnica saudável (já vejo muitos gestores locais comprados em USDBRL) e um fluxo positivo neste começo de ano. Vejo o BRL em um range ao longo do ano. Claramente, o momento de curto-prazo é positivo, o que pode fazê-lo chegar na banda de baixo deste range, em torno dos 3,10 do período pós repatriação, mas continuo vendo a moeda mais como um play de carrego do que de ganho de capital. Os ganhos de capital deverão ser bastante táticos.



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