Trump, Growth and Risks.

A mídia internacional continua repercutindo as primeiras ações de Trump no governo. Uma série de manifestações contra as suas declarações eclodiram nos EUA e ao redor do mundo.

Neste momento, tenho mais dúvidas do que certezas em relação à direção dos mercados financeiros globais no curto-prazo. Tenho tentado dividir o que é apenas ruído de curto-prazo, do que realmente é uma mudança estrutural de cenário.

De qualquer maneira, a nova maneira de governar de Trump pode marcar um importante ponto de inflexão na economia mundial e, consequentemente, nos mercados financeiros globais, o que demanda um esforço adicional de análise nas próximas semanas.

No curto-prazo, algumas questões me afligem: Será que Trump irá realmente implementar uma política mais protecionista? Quando que os ativos de risco poderão, mesmo que pontualmente, precificar este risco? Será que a política econômica apresentada não poderá gerar um cenário negativo de maior inflação, maior protecionismo, mas sem muito mais crescimento no curto-prazo? O quão leniente estão os mercados em torno destes riscos? Qual a capacidade (a viabilidade) de Trump implementar grande parte de sua política econômica com o Congresso no seu calcanhar?

De maneira geral, nos EUA, ainda vejo um cenário de crescimento estável (2%-2,5%), com flutuações em torno da tendência. O hiato do produto me parece praticamente fechado, com um mercado de trabalho muito próximo do pleno emprego. Este ambiente já aponta para um cenário de inflação ascendente.

No resto do mundo, nas principais economias, o ciclo econômico ainda se encontra em um estágio muito anterior ao estágio avançado do ciclo americano. O hiato do produto ainda encontra-se muito aberto (Europa, Japão, China, Ásia, EM), com um mercado de trabalho em recuperação, saudável, mas muito distante do pleno emprego. O crescimento se encontra estável e em recuperação, mas ainda baixo e incipiente. A inflação começa a dar sinais de ascensão. O risco de deflação foi afastado, mas ainda estamos longe de um processo inflacionário. Grande parte da alta recente dos índices de preço pode ser explicado por fatores não recorrentes, como a alta do petróleo e das commodities em geral.

Estarei visitando clientes neste início de semana, o que me dará um tempo saudável para refletir sobre os temas abordados, sem a angústia dos monitores de preços e da volatilidade diária dos ativos de risco.

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