USD se junta ao "reflation trade" / Brasil: Apertem os cintos que o recesso acabou.

O dia foi marcado pela alta do dólar no mundo, movimento que se junta aos demais “reflation trades” dos últimos dias.

No cenário econômico dos EUA, o Jobless Claims apresentou leve elevação, mas dentro da volatilidade desta época do ano. Não altera o cenário positivo para o mercado de trabalho do país. Os demais números de hoje, em especial os dados de estoques, apenas elevaram as expectativas para o PIB do 1Q a ser divulgado amanhã.

As medidas de Trump continuam no centro das atenções. Hoje, após dar seguimento a sua proposta de construir um muro separando os EUA do México, o presidente do México anunciou que não participará da reunião entre os dois países, agendada para os próximos dias. O anúncio eleva o tom de confronto entre os dois países e, de certa forma, marca o passo do que deve ser a administração do novo presidente dos EUA.

Alguns membros seniores do Departamento do Estado, que trabalharam em diversas administrações, Democratas e Republicanas, anunciaram uma demissão conjunta, em repúdio ao novo presidente eleito.

Na China, tivemos novas evidências de aperto por parte do governo, com evidências anedóticas de que o PBoC emitiu uma circular pedindo para os bancos frearem as concessões de crédito para alguns setores neste início de ano. As ações recentes do PBoC estão em linha com minha visão de uma desaceleração contratada do crescimento chinês nos próximos 3 a 6 meses.

No Brasil, o retorno do recesso do MPF trouxe uma nova fase da Operação Lava-Jato no RJ. Por ora, sem maiores desdobramentos para o atual governo ou para os mercados financeiros locais. Contudo, o retorno da Operação, assim como a delação premiada da Odebrecht, lembra aos investidores que ainda estamos em meio a um quadro político de incertezas.

Não acredito, com as informações atuais, que estes vetores irão atrapalhar o ajuste econômico em curso, mas períodos de maiores incertezas e ruídos devem ocorrer, trazendo volatilidade aos ativos locais. Devemos estar preparados para tentar distanciar o que é ruído do que é mudança estrutural de cenário.

No campo econômico, alguns indicadores de confiança divulgados hoje mostraram recuperação, mas ainda em pano de fundo de extrema depressão.

Os dados de crédito divulgados pelo BCB começaram a dar sinais de que o pior possa ter ficado para trás, com um recuo de taxas, spreads e inadimplência, mas ainda com certa fraqueza nas concessões.

Nas palavras de nossa área econômica:

O estoque de crédito continua encolhendo no ano/ano (-3,5%), em ambos os segmentos: livres (-10,2%a/a) e direcionado (-2%a/a); A relação crédito/PIB encolheu para 49,3% em dezembro de 2016; A concessão de crédito caiu na margem em dezembro (com o dado ajustado sazonalmente); A inadimplência mostrou queda na margem (em PF); No crédito livre, houve queda da inadimplência tanto em PF quanto em PJ; As taxas de juros bancárias caíram na margem, mas o patamar segue bastante elevado; A transmissão dos juros futuros para os juros bancárias segue precária (ou seja, o fechamento dos juros futuros se traduziu muito pouco em queda nos juros bancários); Isso porque o spread bancário subiu muito nos últimos trimestres. Na margem, observamos alguma queda do spread bancário, mas há muito espaço para queda de spread bancário e estímulo para a atividade econômica.






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