Artigo – Recomendações de Alocação.
Acredito
que o momento seja oportuno para rever minhas recomendações de alocações,
locais e internacionais.
Sigo
bastante preocupado com o cenário externo. Assim, como veremos abaixo, recomendo
uma alocação mais conservadora. No portfólio tático/hedge, continuo gostando de
JPY, Ouro, venda (e puts) de S&P
(ou SPY que é o ETF de S&P na bolsa dos EUA), vol de EUR e posições tomadas
em spread de Itália e Espanha contra o Bund da Alemanha.
No Brasil,
ainda acho que faz sentido ter posições relevantes em renda variável. Entendo
que o curto-prazo será mais desafiador, mas ainda vejo a capacidade das
empresas apresentarem crescimento entre 15% e 20% nos lucros, mesmo com o
crescimento baixo do país. Os valuations não estão mais descontados, mas como
um gestor me comentou ontem, existe amplo espaço para ganho no “carrego” das
ações apenas pelo crescimento de lucros. Eu fugiria, neste momento, de setores
mais cíclicos e ligados a economia global, focando em fundos de “Valor” que serão
capazes de escolher as empresas com maior potencial de ganho.
Vejam
detalhes abaixo:
Abaixo, segue essa visão Internacional
de forma mais resumida:
- Acima da média em Caixa.
- Acima da média em Renda
Fixa.
- Acima da média em Alternatives.
- Abaixo da média em Renda Variável.
Vamos a cada um deles:
Caixa: Manter flexibilidade em ativos líquidos.
Isso pode ser feito através de ETFs baratos, líquidos, com “alpha” e pouco
“beta”. Favorecendo títulos públicos de duration baixa/curta e nos
EUA. Existem alguns fundos ativos de duration curta que também podem
fazer sentido.
Renda Fixa: Um misto de Emerging Market Bonds,
Aggregate Bonds, High Yields (HY), e Investment Grade (IG). Fugiria um pouco de
classes mais agressivas e voltadas para o crescimento, como Convertibles,
alguns MBS e ABS mais High Yields e Bank Loans.
Acho interessante ter alguma duration mais longa em
EUA, mesmo na classe soberana, dado o cenário central de final de ciclo
econômico descrito acima. Isso também vale para algumas oportunidades em países
emergentes. Na Europa, isso não faz tanto sentindo nos atuais níveis de taxa.
Aqui, é muito importante à escolha de gestores que irão
priorizar portfólios mais conservadores, focados em balanços de empresas ou
países com maior previsibilidade de receitas e fluxos, além de baixa
alavancagem, dada nosso cenário econômico descrito no início do texto.
Alternatives: Buscar gestores que apresentam pouco
“beta” ao mercado e mais “alpha”. Gestores que tenham uma volatilidade mais
alta porém um cenário mais alinhado com um fim de ciclo econômico e/ou gestores
de nichos de mercado que apresentem consistência de retornos ao longo do tempo
mas não necessariamente muito dependentes da direção dos ativos de risco.
Renda Variável: Priorizar Value, Quality e Carry em
detrimento a Size, Momentum, Volatility e Growth. Um portfólio diversificado é
importante. Assim como lembrar que os melhores “fatores” ou gestores dos
últimos anos não serão necessariamente os melhores dos próximos anos.
Momentum e Growth foram grandes destaques desde a crise de
2008. Eles podem (e devem) fazer parte dos portfólios, mas não precisam ser as
únicas e nem mesmo as maiores alocações. Algumas oportunidades em países e
setores emergentes podem ser interessantes.
Aqui, um mix de ETFs passivos com gestores ativos
podem fazer bastante sentido.
Para portfólios
de longo-prazo (estrutural), no Brasil, minha visão é:
- Na média
em Caixa .
- Na média
em Renda Fixa IG .
- Acima da
média em Renda Fixa HY .
- Abaixo da
média em Juros Curtos .
- Acima da
média em Juros Longos .
- Abaixo
da média em Multimercados .
- Acima da
média em Renda Variável.
- Acima da
média em posições Táticas/Hedges.
De maneira
geral, acredito que o Brasil esteja passando por uma mudança estrutural
profunda, que será percebida apenas ao longo do tempo. As taxas de juros devem
permanecer mais baixas por mais tempo, nem que isso implique em algum ciclo
moderado de alta da taxa Selic em algum momento dos próximos anos (150bps a
200bps de alta).
Entendo que a
Reforma da Previdência seja importante, mas há outros vetores da agenda
econômica que já avançam e ainda são pouco percebidos pela sociedade e pelo
mercado (concessões, redução do Estado, redução dos bancos públicos, agenda
BC+, e entre vários outros).
O processo de
mudança não será linear. Será um processo longo e tortuoso. Contudo, uma visão
de longo-prazo demanda uma postura diferente daquela vista ao longo das últimas
décadas, onde o CDI reinava soberano como principal ativo nas carteiras.
Vale aqui um
breve comentário sobre cada classe:
Renda Fixa IG: A despeito de sermos bastante otimistas
com a economia e a saúde financeiras (na média) para as empresas locais, o
mercado demonstra um balanço de oferta e demanda ruim. Os spreads estão
excessivamente fechados, as emissões ainda engatinham e há demandas em excesso
no mercado após o crescimento exponencial dos fundos de crédito no país nos últimos
anos.
Renda Fixa HY: Neste caso, vemos enormes oportunidades
de crescimento da classe. Ainda existem poucos gestores especializados e com
histórico longo e comprovado, mas é um setor do mercado que vemos enorme
potencial nos próximos meses e anos.
Juros Curtos: Acreditamos em Taxa Selic estável no
horizonte relevante de tempo. Vemos pouco probabilidade de abertura de taxa de
juros, mas um carrego apenas módico nesta parte da curva. Preferimos a parte
longa, especialmente da curva de juros reais.
Juros Longos: Em um mundo de baixo
crescimento, se o Brasil fizer o seu dever de casa os juros reais da economia
são uma aberração olhando o mundo. Mesmo com algum ciclo moderado de alta da
Taxa Selic em algum momento dos próximos 2 a 3 anos, a curva longa,
especialmente de juros reais, pode apresentar um carrego enorme e a
possibilidade de ganhos não desprezíveis de capital.
Multimercados: A classe vem passando por um período
grande provação. Estamos revendo as alocações e efetuando estudos mais
profundos sobre como desenvolver uma carteira e fato traga diversificação e
alpha nas carteiras. Escrevi mais sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/04/os-desafios-de-se-investir-em-um-novo.html?q=multimercados.
Renda Variável: A despeito do baixo crescimento do país,
vemos um setor corporativo cujos lucros devem crescer na ordem de 20% pelo
segundo ano consecutivo. Juros baixos por mais tempo devem estimular a economia
e a agenda liberal pode ajudar a destravar crescimento, investimentos, renda e
emprego. O processo será longo, mas pode ser bastante positivo. Teremos
volatilidade e precisaremos aprender a conviver com ela. Vale lembrar que os
EUA passaram cerca de 10 anos após a crise de 2008 crescendo na faixa de 1% a
2% ao ano. Os juros permaneceram baixos e o setor corporativo foi capaz de se
adaptar, apresentando crescimento de lucros muito acima do PIB. Isso manteve a
bolsa local em uma clara tendência de alta. Assim, acredito que existem outras
variáveis que possam dar sustentação a bolsa do país ao longo do tempo.
Táticas/Hedges: Gostamos de ter alocações em fundos
táticos ou de hedge. Neste momento, a maior alocações são em mercados externos.
Comprada em JPY e CHF, algumas puts de S&P500, tomado em spreads na Itália
e Espanha. Finalmente, comprado em volatilidade no EUR. Algumas puts de
Ibovespa (just in case...).
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