Daily News – EUA vs China: Sem acordo (por ora).


Não houve acordo e, segundo a mídia, não houveram avanços concretos nas negociações entre EUA e China na rodada de reuniões de ontem. Ambos os países concordaram em manter conversas hoje. Neste cenário, as tarifas sobre US$200bi de importações chinesas foram elevadas de 10% para 25% como anunciado por Trump no domingo passado.

Os ativos de risco estão operando com alguma pressão, com leve queda das bolsas da Europa e EUA (futuros de índice). As bolsas da China apresentaram altas relevantes, mas no que pareceu algum tipo de “manipulação” dado a dinâmica do movimento e o pano de fundo das negociações.

No post de ontem a noite escrevi como vejo este evento como binário no curto-prazo, seus impactos e o pano de fundo global.

Entendo que a decisão deste tema terá forte impacto nos próximos dias. Contudo, sigo com uma visão cautelosa e mais negativa para os ativos de risco internacionais diante do quadro econômico que se desenha.



Por isso, tenho recomendado portfólios internacionais mais defensivos, abaixo da média em renda variável e acima da média em renda fixa. Dentro de renda fixa, fundos mais defensivos, com menos risco de crédito e com durations medianas. No atual estágio, buscando gestores com visão parecida, que serão capazes de defender seus portfólios. Finalmente, no que tange fundos “alternativos” (ou hedge funds), concentrar em produtos de “nicho”, com baixo “beta” ao mercado e com estratégias mais neutras.

Sigo recomendando proteções mais agressivas, mesmo sabendo da volatilidade que sofrerão nas próximas horas ou próximos dias. Gosto do JPY, Ouro, Spreadas de Itália e Espanha contra o Bund da Alemanha e algumas estratégias vendidas em bolsa dos EUA.

Nesta linha, os dados de hoje na Europa não são animadores. Como podemos ver nos detalhes abaixo, vimos mais uma rodada negativa de dados de crescimento em países como Itália e França, com números como produção industrial e vendas no varejo não apenas abaixo das expectativas, mas também apresentando novas quedas.

Continuo extremamente preocupado com o cenário estrutural para a região e seus consequentes desdobramentos para o resto do mundo. Na Europa, em especial, me parece faltar instrumentos óbvios de política monetária para lidar com uma nova crise econômica ou recessão. Não que estes instrumentos não serão encontrados ou criados, mas quanto tempo levará para eles serem acertados, ajustados e implementados diante do cenário que se constrói a nossa frente.

- Italy Retail Sales (M/M) Mar: -0.3% (est 0.1%, prev 0.1%)
- Italy Retail Sales (Y/Y) Mar : -3.3% (est 1.0%, prev 0.9%)
- Italy Industrial Production (M/M) Mar: -0.9% (est -0.8%, prev 0.8%)
- Italy Industrial Production WDA (Y/Y) Mar: -1.4% (est -0.8%, prev 0.9%)
- Italy Industrial NSA (Y/Y) Mar: -3.1% (prev 0.9%)
- France Industrial Production (M/M) Mar: -0.9% (est -0.5%, prevR 0.1%)
- France Industrial Production (Y/Y) Mar: -0.9% (est -0.1%, prevR 0.5%)
- France Manufacturing (M/M) Mar: -1.0% (prevR 0.8%)
- France Manufacturing (Y/Y) Mar: 0.5%(prevR 2.6%)

Na China, a venda de veículos apresentou queda pelo décimo primeiro mês consecutivo. A despeito da estabilização dos PMIs do país, não há sinais claros de que a estabilização será mais permante.

#CHINA APRIL RETAIL PASSENGER VEHICLE SALES -16.6% ON YEAR: PCA
- BBG *CHINA CAR SALES FALL FOR 11TH STRAIGHT MONTH, PCA SAYS

Os ativos no Brasil, devem continuar reféns da situação externo no curto-prazo. Segundo o Valor Econômico, o governo irá revisar novamente o crescimento do país para baixo, o que deve gerar nova necessidade de cortes de gastos.

A Folha de São Paulo traz matéria afirmando que Carlos Bolsonaro empregou laranja em seu gabinete (vide aqui: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/carlos-bolsonaro-deu-cargo-a-faz-tudo-da-familia-que-foi-laranja-de-militar.shtml).

Não vejo muitas novidades que possam, sozinhas, afetar os ativos locais, exceto pela predominância do cenário externo.

O crescimento de fato preocupa, as expectativas para o PIB migraram de 3% para 1,5%. Acho que tenderiam a estabilizar por estes níveis. Uma nova rodada de revisões, contudo, podem trazer uma reação mais acentuada e maior preocupação em torno da real situação econômica do país.

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