Daily News – Aversão a risco. Mantenham os cintos apertados!
Os ativos de risco estão abrindo a sexta-feira sob forte
pressão negativa. Dois eventos justificam este movimento:
1 – Trump anunciou a imposição, a partir do dia 10 de junho,
de tarifas de 5% nas importações de todos os produtos do México. Isso irá
prevalecer enquanto o país não tratar de forma mais enfática a migração ilegal na
fronteira entre os dois países.
Está medida vem alguns dias depois dos EUA anunciarem um
acordo final para que o “novo NAFTA” seja aprovado no Congresso. Foi um anúncio
totalmente inesperado. É o tipo de postura que não traz somente impacto
econômico direto em meio a um pano de fundo de fragilidade global, mas traz uma
incerteza para o ambiente que é tenebrosa para a economia mundial e “odiada”
pelos mercados, pelo caráter de imprevisibilidade que o acompanha.
2 – O PMI de junho na China caiu novamente abaixo de 50 pontos
e para patamar inferior as expectativas. O número confirma que a recuperação de
março foi apenas pontual e que a economia parece estar em meio a uma tendência moderada
de desaceleração.
A despeito da desaceleração aparentar ser apenas moderada e o
Governo ter instrumentos disponíveis para administrar a desaceleração de
maneira mais suave, acredito que este tipo de informação será lida como
negativa, pois não teremos certeza do poder de manobra dos policy makers e nem mesmo do grau e do tamanho da desaceleração.
Fonte: Goldman Sachs
Mantenho uma visão bastante cautelosa e negativa do cenário
global, como tenho reforçado neste fórum diariamente. A dinâmica do mercado
corrobora minha visão, com os juros de 10 ano na Alemanha, por exemplo, em
-0,20%, os juros nos EUA beirando os 2%, forte queda da commodities metálicas
não preciosas e do petróleo, queda acentuada dos setores mais cíclicos das
bolsas de EUA e Europa, entre outros.
No Brasil, a noite foi de poucas novidades até o momento.
Ontem, o PIB do primeiro trimestre do ano apresentou queda dentro das
expectativas do mercado. A economia parece estagnada e a beira de uma recessão
técnica. Contudo, o número era esperado e não trouxe informações adicionais.
Continuo vendo o mercado de juros locais como o grande
favorecido deste cenário (internacional e local) de baixo crescimento e
inflação controlada. Entretanto, como afirmei ontem, nos atuais níveis de preço
e posição técnica, começo a achar que o mercado possa estar, pontualmente, “esticado”,
e que reduções táticas fazem sentido.
Não acredito em corte adicional da Taxa Selic, mas acredito em
juros locais mais baixos por mais tempo. Os juros reais longos, em torno de 4%,
podem estar muito errados vis-à-vis os juros globais caso a agenda de reformas
locais avance. Os setores da bolsa mais voltados para o cenário externo devem
sofrer em linha com o ambiente global e a escolha dos setores e empresas
corretas será cada vez mais importante neste novo ambiente global.
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