Inflação EUA e FMI.

Os mercados financeiros globais não apresentaram movimentos relevantes hoje que se façam necessários comentários adicionais. O que escrevi pela manhã (copia na parte inferior deste texto) continua válido. Contudo, acho válido deixar aqui dois comentários:

EUA – O PPI e o Core PPI divulgados hoje mostraram números mais firmes de inflação, que dão animo ao cenário de “Beautiful Reflation” que tenho trabalhado. Não apenas o número cheio e os núcleos apresentaram sinais mais animadores, mas como a abertura qualitativa do indicamos mostrou avanços em sub-índices importantes para o Core CPI e Core PCE.

Se a inflação se mostra mais firme, um sinal até positivo para a economia e o Fed, ela ainda não mostra sinais mais preocupantes de uma aceleração mais rápida e acentuada, que poderia reverberar sobre os ativos de risco, em forma do receio de um “Fed behind the curve”.

Acho natural que a inflação comece a dar sinais mais claros de firmeza. Ainda não vejo motivos para pânico, mas também não podemos descartar que, em algum momento, o mercado possa se preocupar com um cenário como o citado anteriormente. Para isso, será necessário um número de inflação muito mais alto do que as expectativas, ou uma sequencia de dados mais forte. Na maior parte das vezes, esse ponto de inflexão não ocorre de uma só vez, mas através do acumulo de evidências nesta direção, e na mudança gradual da dinâmica dos mercados. Já vimos um Average Hourly Earnings mais elevado na semana passada, um mercado de trabalho aquecido, talvez já além do pleno emprego, e uma economia com o hiato do produto praticamente fechado. A inflação parece ser o caminho natural deste cenário.

FMI – As reuniões do FMI estão ocorrendo em Washington neste momento. Estou começando a receber os feedbacks na nossa área econômica. Não entrando em maiores detalhes, o cenário consensual parece ser de crescimento global mais forte e sincronizado, situação mais confortável e estável da economia da China, surpresas positivas no tocante a economia da Europa e adjacências, e bom momento das economias emergentes, em especial a maior parte de LatAm. Os riscos continuam concentrados na normalização de política monetária em G10 e os desenvolvimentos na China após o Congresso que ocorrerá em breve no país. De maneira geral, em relação aos emergentes, ainda parece haver espaço para um aumento relevante de fluxos para a região, mas grande parte dos investidores já se mostra otimistas e, consequentemente, com alguma alocação.

Como o consenso de mercado está sendo refletido nos dados econômicos, em um dos momentos da historia de menor variação dos dados econômicos em relação ao consenso, fica mais fácil entender a baixa volatilidade dos mercados globais.

A primeira impressão que eu fico, muito preliminar, do pano de fundo geral (não entrando em detalhe de países e regiões específicas) e que apenas um desvio grande do cenário em relação a este consenso será capaz de reverter a dinâmica e as tendências que prevaleceram ao longo deste ano.

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Os ativos de risco continuam em modo de acomodação. As próximas 24 horas serão determinantes para a dinâmica dos mercados no curto-prazo. Eu costumo focar no cenário de prazos mais longos para a estruturação de portfólios, mas é inegável que o PPI a ser divulgado em breve nos EUA, o Core CPI que será anunciado amanhã, e o começo da temporada de resultados corporativos nos EUA, com alguns bancos reportando números hoje e amanhã, serão fundamentais para a direção dos ativos de risco nos próximos dias e, quiçá, nas próximas semanas e meses.

A dinâmica recente, especialmente nos ativos emergentes, demonstra sinais de fadiga. Por ora, vejo estes movimentos apenas como acomodações, mas começo a suspeitar que alguma realização de lucros pontual nos ativos de risco como um todo possa acabar de desenvolvendo.

Por ora, estou mantendo um portfólio mais neutro, ainda aplicado em juros Brasil como principal posição, comprado em Ibovespa e long BRLAUD. Mantenho posição relevante tomada em juros nos EUA e comprado em volatilidade de juros e equities no país. Vou reavaliar este portfólio, sua composição, instrumentos e tamanhos, conforme os dados forem delineando o cenário de curto-prazo.



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