Brazil: "Great Rotation"!

A terça-feira trouxe poucas mudanças para o cenário econômico global. Vimos uma acomodação do movimento de abertura de taxas das Treasuries, o que ajudou a dar algum alívio ao USD e aos ativos emergentes.

No Brasil, além do movimento global, vimos mais uma rodada de notícias positivas, a despeito da surpresa baixista da produção industrial (PIM) de agosto, amplamente natural após 4 altas consecutivas. Apenas para citar alguns exemplos, observamos hoje dados que podem ser considerados positivos da Fenabrave (vendas de veículos); o Índice de Atividade Econômica da FGV; o Índice de Confiança Empresarial da FGV; e os indicadores da CNI. Mesmo a PIM apresentou um quadro qualitativo positivo. Segundo nossa área econômica:

A PIM ficou abaixo do esperado (-0,8%m/m dessaz vs. BBG: 0% m/m dessaz, +4,0%a/a vs. BBG: 4,8%). Entretanto, houve revisão para cima na série nos meses anteriores (compensando em boa parte a surpresa baixista na divulgação de hoje). O qualititativo veio bom, com a parte mais cíclica (bens duráveis e de capital) apresentando alta (e mantendo a tendência de alta) e o índice de difusão em patamar elevado (% dos itens em alta m/m dessaz), a despeito da queda na margem (que foi muito concentrada). A nossa proxy de investimentos subiu 2% na margem e não alteramos a nossa projeção de crescimento por conta da PIM de hoje.

De maneira geral, mesmo que ainda gradual, a recuperação do país se mostra mais disseminada e consolidada.

No mercado, vimos o que pode ser cunhado de “grande rotação” (“Great Roation”) do mercado de juros para o mercado de renda variável. Acho que o movimento faça sentido no atual estágio do ciclo e nos atuais níveis de preço. Acredito que ainda existe um técnico positivo para o mercado de renda variável e um fluxo reprimido que deveria manter o mercado bem sustentado, apenas como acomodações pontuais.

Contudo, também vejo valor na parte intermediária da curva de juros prefixado, com a visão de compressão de prêmio de risco. Trabalhamos com um cenário de juros baixos por mais tempo, o que deveria favorecer está parte da curva. A curva hoje precifica cortes de 75bps e 50bps nas próximas 2 reuniões do Copom. Acredito que isso seja um piso de queda (ou um teto de taxa) para o curto-prazo. Após essas duas reuniões, o mercado já precifica altas não desprezíveis de taxa ao longo de 2018. Vemos um hiato do produto ainda bastante aberto, com pouquíssimas, ou nenhuma, pressão inflacionária. Assim, existe espaço para o BCB manter a Taxa Selic estável por um tempo relevante de tempo, o que favoreceria está parte da curva. Entendo que o movimento a partir de agora seja menos trivial, mas que ainda exista espaço para posições neste tema de investimentos.


Os movimentos verificados hoje fazem parte de um processo mais estrutural de busca por ativos alternativos aos juros, que foram os “queridinhos” do mercado por quase 2 anos. Pontualmente, podemos vivenciar este tipo de dicotomia, mas ainda acho cedo para afirmar que este tema de investimento tenha se encerrado.

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