Ruídos vs Cenário.

O final de semana trouxe alguns ruídos pontuais, que irei esclarecer abaixo, mas nada que altere o cenário econômico global ou a dinâmica dos mercados.

De forma resumida, ainda vejo o processo de alta das taxas no G10, lideradas pela abertura de taxas das Treasuries nos EUA, como o principal vetor que ditará o tom dos ativos de risco no curto-prazo. Acredito que o processo estrutural possa ser ordenado, mas enquanto o mercado não tiver conforto na velocidade da abertura das taxas, poderemos conviver com um período de acomodação dos ativos de risco. Acredito que estamos no meio deste processo.

No longo-prazo, acredito que este processo tenha tudo para ser ordenado, não inviabilizando o bom desempenho de ativos de risco que apresentam cenário favorável, posição técnica saudável e valuations/preços atrativos. Alguns ativos emergentes e alguns ativos no Brasil se encaixam nestas definições.

Assim, temos um curto-prazo talvez um pouco mais desafiador do ponto de vista da apreciação dos ativos de risco como um todo, o que demanda postura mais tática e a busca por hedges. Como o cenário estrutural de longo-prazo ainda parece saudável e positivo, momentos de depreciação de algumas classes de ativos devem ser vistos como oportunidades de alocação nestas classes.

Vamos a alguns comentários do final de semana:

Posição Técnica – A despeito de pequenos ajustes na posição do USD no mundo, o mercado continua em grande parte vendido em dólar. Este ambiente pode continuar dando suporte ao USD no curto-prazo. Alguns indicadores técnicos mostraram um mercado cada vez mais “short duration” em G10. Isso pode trazer movimentos de realização/acomodação pontuais, mas não necessariamente inviabiliza a continuidade do processo de abertura das taxas de juros nesses países e/ou regiões. Um exemplo recente fica por conta da posições vendida em USD que prevaleceu grande parte do ano, período em que o USD apresentou acentuada desvalorização.

Brasil – Dois ruídos envolvendo o Presidente Michel Temer. Primeiro, um matéria na mídia afirmando que uma empresa de investimentos do Presidente teria supostamente comprado dois terrenos dias depois que, supostamente, um aliado de Temer teria recebido, supostamente, recursos ilícitos. Temer nega os fatos, afirmando que a compra dos terrenos foi feita com recursos lícitos e com comprovação de renda.

Em outro artigo da mídia, afirma-se que Gedel Viera Lima, atualmente preso, estaria disposto a partir para um processo de delação premiada.

Acredito que ambas as notícias sejam ruídos e o mercado deveria interpreta-las como tal. Ainda vejo o cenário externo como muito mais importante para  a dinâmica dos ativos locais no curto-prazo.

EUA – Trump voltou a adotar um tom mais duro e beligerante em relação a Coréia do Norte. Continuo acreditando que, enquanto não houver um conflito militar de fato, este tipo de notícia tende apenas a ter impacto temporário sobre os ativos de risco.

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