EM: Dinâmica ainda ruim.

Confesso que eu acreditava que após um Core CPI mais baixo do que o esperado em setembro nos EUA (divulgado na sexta-feira), e após as reuniões do FMI, os ativos de risco poderiam voltar a mostrar uma performance mais positiva, após um breve período de acomodação.
Contudo, a dinâmica de curto-prazo ainda se mostra mais negativa, com tom de acomodação sendo reforçado. Opto por respeitar o price-action. Sendo assim, mantenho uma visão mais cautelosa no curto-prazo, mas sem alterar minha visão ainda construtiva de longo-prazo, cenário que tenho desenhando há algumas semanas (2 ou 3), como pode-se ver aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/ruidos-vs-cenario.html, e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/tecnico-dinamica-de-mercado-e-cenario.html.
Vale lembrar que: Quanto a pressão nos ativos emergentes, e no Brasil, em especial, vejo como movimentos passageiros, pontuais e até esperados em qualquer processo mais prolongado e estrutural de recuperação/apreciação.

Entendo que vimos uma alocação não desprezível para esta classe de ativos nos últimos meses (EM/Brasil), os preços já são menos atrativos do que no passado, e a alta dos juros nos EUA (e no G10 em geral), ajudados pela redução do balanço do Fed, prejudicam esta classe de ativo no curto-prazo, mas não vejo esses vetores como impedimentos decisivos para uma mudança clara de tendência ou de cenário.

O cenário de crescimento global robusto, com inflação subindo (mas ainda em patamares baixos), e bancos centrais em movimentos apenas graduais de normalização monetária, costumam ser positivos para os mercados emergentes. Espero movimentos de consolidação como o de hoje nos mercados emergentes enquanto durar este processo de abertura de taxa de juros nos EUA (e enquanto persistirem as dúvidas em relação ao processo de normalização monetária).

A velocidade de abertura das taxas de juros no G10 costuma ser, muitas vezes, mais importante do que sua direção. Todavia, enquanto estamos no meio do processo, o mercado tende a optar por uma postura mais conservadora. Apenas uma abertura mais rápida e acentuada dos juros nos EUA, puxada por dados de inflação mais elevados, ou por uma mudança clara de dinâmica mais estrutural (pacote fiscal elevado nos EUA com mercado no pleno emprego, reforma tributária e etc) seriam capazes de alterar a tendência e o cenário para os mercados emergentes em geral.

Acho válido tentar avaliar o que está afetando o mercado no curto-prazo, o quanto disso parece pontual e o quanto pode se tornar mais estrutural. Alguns pontos negativos valem ser mencionados:

- Problemas locais em importantes economias emergentes, como México e Turquia;
- Preços e posição técnica mais carregadas (menos positivas) no curto-prazo;
- Consenso positivo com relação a EM e a economia global, o que gera assimetrias ruins no curto-prazo;
- Incerteza no tocante ao processo de normalização monetária no G10.

Do lado positivo:

- Crescimento global robusto;
- Inflação ainda baixa no mundo desenvolvido;
- Processo apenas gradual de normalização monetária no G10;
- Fundamentos emergentes mais sólidos hoje do que no passado recente;
- Posição técnica e valuation ainda atrativos se olhados em prazos mais longos em algumas classes de ativos e regiões específicas.

Net/net mantenho visão estrutural ainda positiva com relação ao Brasil e alguns emergentes em geral, mas ainda vejo um curto-prazo um pouco mais desafiador. Este ambiente demanda postura mais tática e a busca por hedges no curto-prazo.

De maneira geral, mudei pouco minha visão de posicionamento e tenho apenas administrado tamanho e instrumentos das posições. No mercado externo, continuo gostando do tema de “Reflation” através de posições tomadas nos juros dos EUA, comprado em volatilidade de Rates e Equities. Estou com baixa visibilidade no mercado de FX, apenas com pequena posição Short AUDBRL.


No Brasil, estou focado na parte intermediária da curva de NTNB em detrimento a curva nominal de juros. Ainda vejo o BRL se mantendo no range de 3,05-3,25 até que um vetor exógeno (“unknow”) o tire desta banda. Ainda vejo espaço para fluxos positivos para a bolsa local, mas entendo que o mercado subiu muito, e rápido, o que sempre traz a discussão de valuation e, eventualmente, acaba em acomodação/realizações pontuais de preço. Estamos no meio deste processo. Ainda vejo movimentos mais acentuados de realização de lucros, na ausência de mudanças claras de cenário, como oportunidades de alocação em ativos locais. 

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