Técnico, dinâmica de mercado e cenário.
Brasil – o IPCA de setembro ficou acima das expectativas, mas sem mudar
drasticamente o quadro para a inflação e a política monetária. Segundo nossa
Área Econômica:
>> O IPCA foi acima do esperado (0,16% vs. BBG: 0,09%). As
surpresas para cima foram em serviços e em alimentos. A despeito disso, o
qualitativo do IPCA segue favorável. Os índices de difusão (% de itens em alta)
em patamares relativamente baixos (embora tenham subido na margem) e
condizentes com nível de inflação abaixo da meta; A inflação de serviços dessaz
tem estacionado em patamar próximo de 4%; A parcela dos bens ex - alimentos
(produtos industriais ou comercializáveis ex - alimentos) mostrou uma
aceleração na leitura dessaz, mas ainda se encontra ao redor de 3%; A
alimentação no domicilio rodou próximo da mínima histórica para os meses de
setembro; A média dos núcleos dessaz ficou em 3,9% (na média móvel trimestral);
A luz da surpresa para cima e da piora na coleta da FGV, estamos puxando a
nossa projeção de 2017 para 3% (de 2,85% anteriormente).
Em relação aos mercados, o externo e o técnico continuaram a dar
o tom dos ativos locais. Não vejo mudanças substanciais de cenário. Vejo valor
na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros, assim como na
curva longa de juros reais. Acredito que o BRL se manterá no range entre
3,05-3,25 e ainda vejo demanda, em meio a um cenário positivo, para a bolsa
local.
EUA – Como era amplamente esperado, os dados de emprego de setembro
apresentaram um grande ruído dos desastres naturais que assolaram o país ao longo
do mês. A criação de empregos na pesquisa do Payroll foi negativa. Contudo, a
Taxa de Desemprego recuou de 4,4% para 4,2% e o Average Hourly Earnings (AHE) subiu
0,5% MoM para 2,9% YoY.
Acredito que não
podemos ler os números a valor de face, mas pelo o que entendemos o impacto
negativo no Payroll acabou sendo maior do que o previsto e um “payback” deverá
ocorrer nos próximos meses.
A pesquisa da Taxa de
Desemprego e do AHE também pode ter sido afetada, mas em menor magnitude do que
a pesquisa do Payroll.
Acredito que os números de hoje não deveriam alterar o cenário
para o crescimento e para a política monetária, e muito menos para a dinâmica
dos ativos de risco em geral (minha opinião sobre estes temas foi
extensivamente discutida ao longo desta semana: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/10/reflation-at-almost-full-speed.html).
Contudo, quero levantar aqui uma discussão que, talvez, estejamos
em um ponto de inflexão importante da economia dos EUA (e, em menor parte, do
mundo). Por mais que os números de hoje não possam ser lidos a valor de face,
olhando no contexto geral, parece cada vez mais evidente que o mercado de
trabalho esteja no pleno emprego e que as leis econômicas possam voltar a
operar em plena normalidade, com uma inflação ascendente de agora em diante, especialmente
nos EUA. Isso teria impactos relevantes para política monetária e para os
mercados. Por ora, ainda vejo este cenário como gradual e relativamente
tranquilo, no que tenho cunhado como “Beautiful Reflation”. Contudo, estarei
acompanhando de perto a evolução deste cenário e da dinâmica do mercado para
eventuais mudanças de estruturais de cenário.
Neste meio tempo, continuo favorecendo posições tomadas em juros
nas Treasuries, posições compradas em vol de juros e equities nos EUA aliadas a
posições aplicadas em juros no Brasil e compradas em bolsa. Continuamos mais
táticos no mercado de câmbio e, neste momento, estamos vendidos em AUDBRL.
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